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04.09.12

Gorda ou normal, uma questão de adaptação

Foi-se o tempo em que formas arredondadas eram consideradas belas no mundo ocidental, sinal de saúde e acesso a comida suficiente. Jornais, revistas e televisão hoje nos ensinam que para ser modelo de beleza é preciso ser esquelética ou no mínimo magérrima, com os ossos da bacia à mostra.

Qualquer que seja a razão da mudança no padrão de beleza (eu suspeito da abundância atual de comida, mas isso é outra história), as formas retas das pobres moças famintas são o objeto do desejo de moças demais em nossa sociedade, que, em comparação, acham “enormes” seus próprios corpos normais.

Mas talvez esse desejo não seja consciente, e sim fruto automático de uma adaptação às imagens que a mídia torna usuais. Segundo um estudo alemão publicado recentemente na revista “Human Brain Mapping”, ver corpos magros faz o cérebro se adaptar e passar achar corpos “normais”… gordos.

Adaptação é um fenômeno comum no cérebro, que ocorre conforme a exposição prolongada a um mesmo tipo de estímulo faz diminuir a atividade dos neurônios em resposta a uma nova exposição a um estímulo semelhante. É um processo de adaptação que faz, por exemplo, com que o som inicialmente ensurdecedor de uma boate aos poucos pareça “normal” aos nossos ouvidos.

Pois a percepção corporal também é facilmente manipulada por adaptação. E, de acordo com o estudo alemão, a adaptação não é “racional”, mas sensorial, pois acontece já no córtex fusiforme, uma das primeiras regiões do córtex cerebral que processa de maneira integrada a forma corporal.

Usando computação gráfica para fazer seus voluntários emagrecerem até seis quilos, os pesquisadores notaram que a exposição por alguns minutos à própria imagem emagrecida é suficiente para fazer o córtex fusiforme se adaptar e convencer o resto do cérebro a perceber o próprio corpo real como mais gordo do que na prática. Daí a concluir que o desfile de corpos esqueléticos na mídia convence o cérebro das espectadoras a automaticamente achar enorme o próprio corpo normal é só um pulinho.

Como se achar normal, então? Fácil: vendo corpos normais. Praia serve, mas lembro do melhor choque de realidade que eu podia ter recebido na adolescência: o chuveiro comunitário do vestiário feminino na universidade, após a aula obrigatória de educação física. Um santo lembrete de que anormais são as pobres moças chamadas “modelos”…

Texto da Suzana Herculano-Houzel retirado daqui.

 

A autora tratou de forma sensacional o tema ser Gorda ou Normal, eu acredito que todo mundo é Normal uns são mais gordos outros mais magros. Porém sabemos o quanto ainda somos reféns da mídia e frequentemente vemos pessoas fazendo loucuras em busca de um corpo que acreditam ser o Normal.  

Se ADAPTE a realidade e não busque um corpo imposto pela mídia, busque viver em plenitude com o corpo que tem hoje.

Cuidem do seu corpo, seja ele  de qual tamanho for. Amem seus corpos seja ele como for.

4 Comentários // Deixe o seu!

  • Débora says:

    Esses dias li um artigo científico a respeito do que os médicos e o governo fizeram com o gordo… ao transformar a obesidade em uma epidemia, termo que carrega o contagio associado. Além disso, mostra como ambos os setores contribuiram para a veiculação da imagem do gordo associada a preguiça, como um ser que falhou em manter sua própria qualidade de vida. Por fim, coloca como tudo isso contribui para o weigthism (acho que a palavra não tem tradução, embora esteja presente em vários locais do mundo).
    O estudo foi feito com base no Canadá, mas pode muito bem servir a realidade brasileira, com nossas belas publicidades e campanhas que não incentivam uma vida saudável, mas sim o combate à obesidade, que acaba se tornando no combate ao obeso. E seria tão simples continuar incentivo hábitos saudáveis por uma outra angulação, pois mesmo pessoas magras podem precisar dos conselhos. Mas não, o legal é divulgar programas como o “Medida Certa” e transformar a vida das pessoas em um inferno.

    • Kalli Fonseca says:

      Débora,

      Infelizmente esses programas de emagrecimento midiáticos são mesmo muito ruins 🙁 a apresentadora do Fantástico que estreou o programa e agora já engordou está sendo alvo de muitas críticas.

      A sociedade não aceita as diferenças, uma pena :(.

      Bjmmm

  • Bom dia Kalli!
    Concordo com você! Devemos nos cuidar! Acho que essa é a maior preocupação! Tenho um blog onde falo sobre tudo que eu gosto e atualmente tenho dado dicas de receita diet, por estar em dieta, e não é diretamente para emagrecer e sim recuperar minha saúde. Engordei 25 quilos em menos de um ano e sem saber porque! Desde então venho me adaptando, ficando P* da vida com a industria da moda brasileira, mas encontrei o motivo de ter engordado e estou me tratando. Resultado: estou emagrecendo e tenho recebido recados mal educados porque dizem que eu me rendi ao sistema e quero emagrecer… adoraria que fosse tão simplista assim… Foi apenas um desabafo nesse espaço que infelizmente eu conheci só hoje, mas que a partir de agora sempre fará parte de minha leitura na net!
    Beijo

    • Kalli Fonseca says:

      Madame de Jaleco,

      Ahhh que eu fiquei feliz em vc ter curtido o blog 😀

      E vc faz muito bem em se tratar não tem nada de normal ganhar muito peso em períodos curtos, e eu sempre comento que para quem não era gorda se adaptar é muito mais difícil do que para mim que to nessa desde que nasci.

      Vou acompanhar seu blog 🙂

      Bjmmm

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