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Categoria: Aceitação

25.07.10

Gorda, Plus Size e Feliz!

Acabei de ler uma notícia que falava sobre o Fashion Weekend Plus Sizeque ocorreu ainda há pouco em São Paulo.
Fiquei contente, porque acho que finalmente estão começando a entender que gorda também quer – e pode – se vestir direitinho, andar na moda e se sentir mulher.
Desde que me conheço por gente, fui gorda.
Nasci com quase 5 kg, depois fui uma criança gordinha. Na adolescência, era obesa e objeto de piada dos meninos da escola e só quem passou por isso sabe o quanto magoa e o quanto isso pode acabar com o nosso futuro. Arrumar namorado, nem pensar. Com raras excessões, os carinhas bonitinhos só namoram as boazudas burras e tapadas. As gordas inteligentes ficam sempre de lado.
Cresci acreditando que mulher gorda não tinha vez neste planeta.
Sempre foi uma briga comprar roupas porque as roupas G e GG eram geralmente horrorosas, feitas pra senhoras e nunca pra jovens. Então houve uma época em que eu me vestia como a minha avó, mesmo tendo 1/3 da idade dela.
Isso me deixava deprimida.
Sempre fui bonita mas igualmente, sempre gorda e isso parecia uma maldição!
Porque o mundo todo faz questão de te mostrar – como se você não soubesse – o quanto ser gorda é uma aberração da natureza.
Porém, de uns tempos pra cá tenho notado que esse conceito tem mudado um pouco. A obesidade ainda tem sido vista como uma doença – ou a causadora de – mas acho que as pessoas obesas tem ganhado mais espaço na sociedade, afinal, não sei se perceberam mas a sociedade é obesa!
Me incomoda muito, porém, essa coisa de tentar fazer o gordo se sentir culpado, como se estivesse todos os dias cometendo o pecado mortal de ter um padrão corporal diferente.
Me incomoda ver que uma mulher gorda nunca é considerada bonita. Ela é sempre “um rosto bonito” como se a gente devesse arrancar a cabeça e jogar o resto fora.
Me incomoda ser rotulada como “a gorda”, “a fofinha”, “a gordinha”. Eu sou EU! Não sou uma parte de mim!
Também me incomoda quererem me enfiar goela abaixo a idéia de que GORDO = DOENTE.
Se a obesidade facilita o aparecimento de algumas doenças, igualmente nem todo gordo é doente.
Gordo não é sem vergonha, nem safado, nem é gordo porque gosta de ser. Mas é gordo e nem por isso se torna menos gente.
Uma mulher gorda continua sendo uma mulher com desejos, anseios, sonhos, fantasias…
Hoje eu assumo sem nenhuma culpa ou vergonha que sou gorda e da mesma forma, sou feliz!

Às vezes reclamo dos pneus, da barriga saliente, da coxa grossa, mas que mulher não reclama do seu próprio corpo?
Cuido da minha saúde, não tenho nenhuma doença, minha pressão é perfeita, colesterol, glicemia, tudo muito bonitinho. Portanto, por que deveria eu me privar do bom da vida só pra ter um corpinho de modelo e me tornar escrava de mim mesma?

Parabenizo as lojas e confecções que conseguem ter a visão de que os consumidores obesos são um grande quinhão do nosso mercado e que uma gorda feliz vai se tornar a mais fiel consumidora.


Desabafo de uma Alma Inquieta

Eu me identifiquei bastante com o texto e trouxe para dividir com vocês
21.07.10

A Gordura como Escape

Sabe aquele show que era tudo e que você estava “doido (a)” para ir?

Sabe aquele curso que você tava muito afim de fazer?

Sabe aquele barzinho frequentadíssimo que todos os amigos vão e vivem te chamando?

E aquele gato ou gata que você vive olhando de longe bem escondidinho.

Exatamente, bem escondidinho, para ninguém te ver. A desculpinha esta sempre ali na ponta da língua. Eu não vou estou muito GORDA (O).

Não vou ao show porque sou gorda (o), não faço o curso porque sou gorda (o), sair para um lugar badalado? Imaginem, sou GORDAAA (OOOOO).

Namorar, jamais, sou GORDA (O).

A maioria dos gordinhos bem resolvidos, devem estar pensando, eu não faço isso, vou a todos os lugares e faço tudo que sempre sonhei. ÓTIMO.

Mas existem sim, aqueles em que a gordura vira a fonte da vida, isso mesmo, o mundo gira em torno da capa espessa que protege do exterior, com se estivesse ibernando, num lugar bem quentinho e confortável, não tendo que enfrentar os leões lá fora.

Quando encontramos pessoas nesse estágio não imaginos o quanto a gordura é tão importante em suas vidas e como essa é regida por aquela, queremos logo dar um palpite para o gordinho emagrecer. Mas quem disse que ele quer isso?

A gordura vira então, uma aliada para se privar de muitas coisas. Claro, tudo tem um preço e o preço de todo esse “conforto adiposo” é não vivenciar as coisas boas.

Mas, como tudo sempre tem um preço, alguns gordinhos preferem viver assim.

Contudo a realidade é um pouco mais cruel, do que a simples aceitação, de que EU SOU ASSIM E PRONTO. Lá naquele fundinho, a maioria gostaria de viver, viver bem, mas o medo de se desvincular da “proteção” é muito grande.

Ai, a coisa pega, pois começa o sofrimento e o conflito, “quero viver outras coisas”.

Dois caminhos ela vai ter para optar. O primeiro é se aceitar e fazer sim tudo que deseja sem a proteção, o segundo é identificar o que lhe faz mau e resolver efetivamente mudar o estilo de vida e se desvincular da falsa “proteção.”

Fácil? Não, não, muito difícil ter que se desfazer de um custume, um aconchêgo e um alento, mas também é muito difícil viver sem viver.

A gordura não pode se tornar uma arma psiquica, é preciso baixar as defesas, enfrentar os medos e seguir o caminho que lhe faz sentir melhor.

Pense nisso.

Renata Menezes