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28.04.11

A ordem dos fatores característicos altera o julgamento do produto

 Hoje eu estava lendo o post de uma garota que fez cirurgia de redução de estômago. Ela diz que engordou quase 40 quilos sem perceber. E que é bonita. Que tentou de tudo para emagrecer e, em não conseguindo, fez a cirurgia. Eu acredito, sim, que a pessoa possa engordar 40 quilos sem perceber porque eu engordei 10 sem conseguir impedir que isso acontecesse.

Cada caso é um caso, porém. No meu caso, eu quero entender o que me leva a engordar, quero compreender meu comportamento (esse que me leva a comer mais do que necessito), quero ser capaz de  revertê-lo e, futuramente, impedí-lo. Essa é a minha viagem. É meu jeito de ver as coisas. Eu tenho uma vida, vida que me foi dada pelo universo e quero viver essa vida de forma experimental, acertando e errando, mas, sobretudo, entendendo e aprendendo. É a coisa que eu mais gosto. E, por mais que eu odeie meu sobrepeso eu jamais me livraria dos dez quilos de uma vez de forma cirúrgica, nem com lipo nem com nada.  Meu desejo de ser dona de mim mesma é maior do que a vontade que tenho de dar satisfações para as cobranças do mundo em relação a mim. Eu não sou uma pessoa insegura em minha essência, eu não me sinto pressionada para ser jovem e linda. Eu estou aqui, ficando feia e velha e achando muita graça. E, na medida do possível, fazendo força para não julgar as pessoas que agem de forma diferente.
O assunto ‘sobrepeso’ me interessa muito, sempre, mesmo quando estou magra. É curioso como o mundo olha e julga quem está gordo. Digamos que a pessoa escreva muito bem e seja gorda. O pensamento médio das pessoas poderia ser:
– “Ela é uma mulher gorda. E escreve muito bem.”
Mas não é isso que as pessoas pensam. No fundo, elas constroem o julgamento  assim:
-“Ela escreve bem. Mas é muito gorda…”
Ou seja, o fato dela ser gorda INVALIDA sua qualidade de boa escritora. É como se o fato dela ser gorda anulasse o fato de escrever bem. No fundo as pessoas pensam isso mesmo: “do que adianta ser culta e escrever bem se ela é gorda?” A mensagem contida é a seguinte: ser magra é o essencial, o básico, o exigido pela socieade. Escrever bem ou mal tanto faz, é só um detalhe.
Tanto é verdade que quando o público vê uma gostosa analfabeta todo mundo parte pra defesa da beleza. E daí que ela é burra? Ela é linda e isso é o que importa!
Quer dizer, a BELEZA neutraliza qualquer DEFEITO e a gordura anula qualquer QUALIDADE!
Gente, isso é muito cruel. E, convenhamos, qualquer pessoa minimamente insegura e acima do peso entra em parafuso. Não é à toa que tanta gente faz dieta louca, fuma pra tirar o apetite e outras agressões contra a própria saúde. A pessoa não aguenta o tranco de ver todas as suas virtudes anuladas por sua figura física. Pra mulher é ainda mais cruel.
Aproveitando o post, vou falar de outro assunto, a falta de raciocínio das pessoas em determinados assuntos. As pessoas não sabem mais argumentar, não sabem pensar, não conseguem montar uma ordem lógicas pras coisas que falam. É assustador. Vou dar um exemplo.
Um garoto no Twitter disse que eu não podia falar que a Suzana Vieira cantava mal porque eu não canto bem. Não posso? Por que não posso? Qual a lógica? Se eu canto mal eu apenas canto mal, não significa que eu seja surda. Eu posso cantar mal e ter bom ouvido e detectar que outra pessoa canta mal. Quer dizer que a pessoa acha que só quem canta BEM pode julgar que outro canta mal? Então um anão olha um cara de 1.50 e um de 1.90 e  ele não pode julgar que o primeiro é baixinho? Porque ele é menor? Mas ele não é cego, é anão!
É um argumento totalmente sem nexo. A pessoa acha que criticar o outro é um DIREITO ADQUIRIDO POR COMPETIÇÃO. Maria e Joana se pesam. Se Maria pesar 150 quilos e Joana pesar 200, Joana não pode dizer que Maria é gorda? Só porque ela é mais gorda que a outra? Não faz sentido. Isso só acontece na cabeça de quem julga todo mundo POR S.. Se o padrão médio de uma pessoa é 70 quilos para o fabricante do elevador, então, todo mundo que tem mais de 70 quilos está acima do peso pra aquele padrão. Não é em relação A VOCÊ.
Infelizmente é assim que a maioria pensa. Todo mundo compara tudo consigo mesmo. Isso é o princípio do egocentrismo, achar que é o ‘padrão’ comparativo do mundo inteiro.
Pronto, era só um desabafo de blog.
Já estou me sentindo até mais leve…
Muito obrigada.
Um beijo, um browse, um aperto de mouse da @rosana

 Texto retirado daqui.

Rosana Herman é escritora, e tuiteira uma das primeiras que sigo e clico no que indica haha, e arrasou nas colocações mais uma vez.
Ela é também a autora de um texto muito bommm que foi creditado ao Hebert Viana que fala sobre Vaidade.

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