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24.11.09

Os dois lados da balança

De um lado, a supertopmodel Kate Moss, 35 anos, 1m70cm, 49 quilos, do outro, a atriz iniciante Rafaela Ferreira, 20 anos,1m65cm, 75 quilos. O que ambas têm a ver? Na última edição de Zero Hora dominical, Kate e Rafaela estiveram em páginas distintas e com enfoques acerca da questão estética.



Quer saber quem saiu perdendo?
Pois foi Kate Moss, acusada de fazer apologia da magreza por defender que um dos lemas que regem sua vida é “não há nada melhor do que se sentir magra’’.



Justamente ela se transformou na vilã, na bruxa, na maquiavélica por caber literalmente nos padrões estéticos cultuados pela indústria da moda e pela mídia.

Sinceramente, sentir-se magra é um conceito bem relativo.
Mesmo sem vestir as roupas de Kate Moss, arrisco a defender a magrinha por entender que é o sentir que faz a diferença e não o estado puro ou o seu reflexo no espelho.
Quando Kate diz que não há nada melhor do que isso, não dá para abrir a caixa de desaforos, afinal, é de seu corpo magro que ela vive (e muito bem!). E não seria sua frase que impulsionaria milhares de adolescentes a correr para o banheiro e mandar embora as calorias adquiridas no almoço.

Por outro lado, incomoda a maneira como a gordura é tratada com coitadismo frenético. Na matéria da garota atriz, a introdução já resume o que se encontra no conteúdo da entrevista: “Faceira: Ela não tem problema com a balança nem em arranjar namorado’’. Caso Rafaela tivesse dito que se sentir gorda é um dos lemas de sua vida, talvez fosse mal interpretada e ouviria críticas de especialistas que a alertariam sobre os riscos de desencadear diabetes, problemas cardíacos e até infertilidade. Não, ela apelou para o lado amoroso para cativar afetos. O fato de não entrar numa calça 38 não a impede de arranjar um namorado. Ok, mas qual a mensagem que recebemos disso tudo? Estamos tentando sobreviver ao ataque das celebridades instantâneas, ao tratamento de imagem generalizado de revistas a páginas do Orkut, à massificação das pernas, peitos e bundas, aos anúncios desenfreados de chás, ervas, máquinas e terapias de clínicas garantindo menos centimetragem, menos estrias e menos celulite, como se tudo fosse natural. E quando Kate Moss diz que se sente bem sendo magra é alvo de todos os impropérios?

Hoje, para ser magra naturalmente é preciso ter um arsenal de desculpas. Ninguém aceita um magro por natureza. Todos são vítimas de anorexia. Porque somos perversos na maneira de alcançar a magreza desejada. É preciso ter sacrifício, esforço, gasto financeiro para se gabar aos conhecidos a cada elogio por quilo perdido.

A indústria precisa de corpos perfeitos, como se o Photoshop não resolvesse. E as garotas que não se encaixam nos padrões precisam acreditar que conseguirão um bom par, mesmo sabendo que só isso não as tornará felizes. E depois de tudo, me dou conta de que sou mais alta que a Kate Moss e peso menos que a Rafaela. Sou um pouco das duas numa só balança.


Ana Lúcia Nejar, Jornalista


Ao ler essa matéria e trazer para o blog, a minha intenção é fazer alguns questionamentos.

Quando vamos parar de querer exigir das pessoas que elas sejam politicamente corretas?
Mesmo que ela seja tão magra por conta de ANOREXIA, ela merece tanto respeito como eu ou outra OBESA, e sim concordo com a jornalista, penso que não é necessário tanto PESAR ao se falar de Gordinhas, somos pessoas normais e lógico que também arrumamos namorados .
E vocês o que pensam sobre isso?

2 Comentários // Deixe o seu!

  • Dead Lindsae says:

    >Relendo a matéria, encontrei uma frase que sempre aparece ligada uma gordinha: "Ela não tem problema com a balança nem em arranjar namorado".
    Porque teríamos problemas para arrumar namorado? Só se for pela baixa-estima que pode nos tornar tímidas, porque não faltam homens que apreciem o nosso tipo.
    Esse tipo de frase me faz parecer uma semi-aberração, como se perdesse a capacidade de amar e ser amada.
    É claro que a frase da Kate Moss é ridícula pelo fato de que o que faz uma mulher, seja quem for, se sentir bem, é sentir-se bonita e não magra. Podemos ser bonitas magras, altas, gordinhas, baixinhas, branquinhas, morenas e etc.
    No entanto, não a Kate não me surpreende, uns quinze minutos pesquisando sua vida e você perceberá que inteligência não é o seu ponto forte.
    A jornalista também se excedeu…como ela pode ser Rafaela, deixando claro que PESA MENOS que ela!?!
    Me desculpe, mas esse tipo de matéria devia ter sido impressa em papel higiênico.

  • nemsempre says:

    Arrumar namorado não deveria ser tão importante. Homem pra mim é inspiração e não troféu. Quem precisa de troféu não gosta de homem.

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