Uma boa precisão é tudo, é o que dizem os estilistas, mas, ao avaliar seu mercado, os negócios de moda americanos parecem ter perdido a forma. Um estudo frequentemente citado, realizado há alguns anos pela Plunkett Research, uma empresa de pesquisa de mercado, descobriu que 67% das mulheres americanas eram “plus-size”, ou seja, tamanho 46 ou maior. Esse número tem aumentado, mas em 2018, apenas 21% das roupas vendidas eram de tamanho grande, de acordo com o NPD Group, outra empresa de pesquisa.
Designers e varejistas pensam há muito tempo no segmento de moda plus size, como de alto risco. Prever o que esses clientes comprarão pode ser difícil, pois este público tende a ser mais cauteloso com relação ao estilo. Fazer roupas maiores é mais caro; os custos mais altos do tecido nem sempre podem ser repassados aos consumidores. Por sua vez, as mulheres Plus Size compravam menos porque a indústria não as estava servindo com ofertas e opções que lhe atendessem em suas necessidades.
“Temos dinheiro, mas não temos onde gastá-lo”, diz Kristine Thompson, que administra um blog chamado Trendy Curvy e tem quase 240.000 seguidores no Instagram. A falta de oferta freia um crescimento ainda mais acelerado do mercado, que pena em procurar por modelos que sigam as tendências da moda, também para o público Plus Size.
Comprar vestido plus Size, ou até uma calça jeans, pode ser um problema, quando não se encontra uma grande variedade de modelos disponível. Rechear o guarda roupa com as todos os estilos e tendências da estação pode ser mais complicado do que você imagina.
Finalmente, isso está mudando. As marcas de fast fashion, incluindo a Forever 21 e uma linha de moda feminina em parceria com a Target, uma gigante varejista norte americana, expandiram suas coleções plus-size. Lane Bryant, uma varejista de moda Plus Size, e Prabal Garung, designer, fizeram o mesmo. Em março, a Nike também ampliou sua linha de roupas esportivas “de tamanho X”.
A receita na categoria de Plus Size aumentou 19% entre 2013 e 2018, em comparação com um crescimento de 8% para todo o vestuário. Os gastos foram de US $ 32,9 bilhões no ano passado. A mídia social tem desempenhado um papel importante na mudança de atitudes no mundo da moda, diz Madeline Jones, editora e co-fundadora da revista PLUS MODEL.
No entanto, as marcas de grife ainda estão longe do ideal. Algumas marcas, como Michael Kors, vendem faixas de tamanho grande, mas não as anunciam ou as exibem em sua loja virtual.
Para os produtores de moda que estão dispostos a se arriscar, várias startups da Internet que oferecem soluções em moda para o público em geral, incluindo mulheres Plus Size, oferecem uma grande quantidade de dados sobre interesse de moda para designers do mundo todo. Algumas delas, inclusive, compartilham informações com designers sobre modelos e ajustes preferidos por esse público.
Tracy Reese, uma designer conhecida por criar o vestido de Michelle Obama para a Convenção Nacional Democrata em 2012, é uma das profissionais que recrutou recentemente a ajuda de uma destas empresas, para criar uma nova coleção de roupas em tamanhos grandes. Parece que falta mesmo um maior interesse da indústria em atender à demanda reprimida desse mercado.
Nem todos os compradores de moda Plus Size estão convencidos destes avanços. Kátia Ramalho, uma empresária de São Paulo, diz que muitas lojas de departamento ainda mantêm suas seções de roupas Plus Size mal organizadas, mal estocadas e pouco iluminadas. No entanto, essas reclamações aos poucos vão dando resultado, diz Kátia. “Não estamos nem perto de onde deveríamos estar, mas fizemos progressos”, diz ela.
*Post em parceria com a assessoria.