Qual a importância da beleza exterior para você? Acredito que a maioria vai  pensar imediatamente, que não tem importância e o que importa é conteúdo.

Eu sempre acreditei que o mundo é mais gentil com pessoas “bonitas”, como já dizia Vinícius de Moraes:

“As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental.”

É muito comum ver  pessoas dizendo que não se importam com a beleza física e etc, preciso confessar que eu me importo sim, por sorte (ou treino) eu tenho uma visão da beleza bem ampla e consigo ver beleza no nerd gordinho de óculos e no  moreno alto de cinto e chapéu que nem curte usar computador, eu sou apaixonada em ambos os estilos, que são opostos um ao outro.

Vejo a beleza feminina assim também, embora eu normalmente ache mais bonitas as gordinhas (de tanto me olhar no espelho, me apaixonei nesse biótipo hahaha) eu sei reconhecer uma pessoa bonita  mesmo que seja bem diferente de mim.

Já contei algumas vezes que conheci o movimento Fat faz muito tempo né? Então existe um grupo no face desse povo da antiga na época eu era apenas uma adolescente, sempre que posso eu os lembro que muito do amor próprio e da autoestima que exalo hoje eu aprendi com eles. <3

Falei sobre o grupo para  contar que o texto que reproduzo abaixo é de um dos membros, eu li adorei e achei que vocês precisavam ler também.

Ilustração do Cláudia, autor do texto abaixo.

Existe um bocado de mito nessa história de “beleza interior”.

Isso é uma questão recorrente no universo das pessoas gordas e das que gostam de pessoas gordas; frequentemente vejo as pessoas falando (não com todas as letras, mas de forma implícita) como nesses grupos as pessoas não são tão superficiais porque não ligam tanto para a aparência, e coisas assim. E sinceramente eu acho isso não somente uma grande balela como um desserviço ao próprio discurso de valorização da beleza das pessoas gordas.

Parece que as pessoas acham que estão sendo melhores ao dizer que não ligam para o exterior. O que eu acho é que ao dizer isso elas estão na verdade misturando os canais e atribuindo o valor de um aspecto da vida em função de outro.

Vamos olhar para a questão. Uma pessoa que se junta a um grupo ou comunidade ligado ao universo de gordos e gordas provavelmente o faz por três motivos: ou ela própria é gorda, ou gosta de pessoas gordas, ou se encaixa em ambos os casos (esse sou eu, por exemplo .

Ninguém se aproxima de um grupo tão específico porque “não liga para aparência exterior”: se fosse assim, a pessoa simplesmente estaria conhecendo gente nova, e não se juntando a um grupo cujo filtro é, por essência, uma característica física.

Atração física existe. Pessoas têm gosto e preferências. E a meu ver não há nenhum mal nisso, porque isso não é um *relacionamento*; isso é somente parte do que chama a atenção de uma pessoa em relação a outra. Quando você vê alguém na rua e se atrai, não é porque ela gosta de poesia ou porque é uma pessoa de bem. Você se atrai porque há um padrão físico que te parece agradável/sexy/fascinante.

Não vejo nada de errado em achar algumas pessoas atraentes e outras não (desde que, é claro, você não discrimine ou ofenda a quem não acha atraente) porque não há jeito “errado” de se sentir atraído: há quem goste de gente alta baixa, com sardas, loira, morena, ruiva, malhada, mignon. Há quem goste de gente magra. E definitivamente há quem goste de gente gorda.

Errado seria estabelecer um relacionamento baseado *somente* nisso.

Claro, isso também acontece. Gente superficial existe em todos os lugares; há o cara que adora mulheres gordas mas não aparece com elas em público tanto quanto há caras que saem com meninas só porque são consideradas gostosas pelo padrão aceito pela sociedade. Isso não torna necessariamente condenável alguém se aproximar de outra pessoa porque sente atração por ela. O que essa pessoa faz a partir disso é que faz a diferença.

E é aí que entra a tal “beleza interior”. Depois que você conversa com uma pessoa, começa a conhecê-la e tudo mais, sua atração/interesse por ela pode aumentar ou diminuir, independentemente de você achar esta pessoa “gostosa” ou não. Muitas vezes você vai desenvolver um relaciona com a pessoa que nem era a que você achava mais atraente, mas no conjunto os demais fatores (personalidade, valores, objetivos de vida) tem uma “pontuação” melhor. (e às vezes você pode dar a sorte que eu dei, de achar alguém que acha fascinante *e* gostosa

Forçar a barra no discurso de que a aparência não faz diferença em uma comunidade composta de pessoas gordas é ir contra o próprio discurso de valorização que costumamos pregar: é dizer que não dá para ver beleza real nas formas arredondadas, mas que “tudo bem, isso não importa”. E eu não acredito nem um pouco nisso: para um bocado de gente (eu incluso), fat IS beautiful :–)

Por Claudio Delamare

A beleza interior é essencial para consolidar relacionamentos até mesmo os de amizade, mas a exterior também faz diferença em nossas vidas.

Na minha vida ao menos eu acredito que beleza exterior importa sim, eu gosto de me sentir bonita e é inegável que eu olho na balada para o cara cujo a beleza exterior mais despertou a minha atenção. E vocês o que pensam sobre isso?