Uma pesquisa recente do Congresso Americano de Obstetras e Ginecologistas, realizada com mais de 20.000 meninas nos EUA, revelou que mulheres gordas começam a vida sexual mais cedo, têm mais parceiros e usam menos proteção.
Posso chamá-las de gordas, porque sou uma delas. Nada de dizer acima do peso, excesso de gostosura, fofinha e gordinha. São eufemismos que só mascaram o preconceito em cada discurso. A começar por uma pesquisa que objetiva apontar gordura relacionada ao sexo fácil.
Atualmente, vemos a exposição do fenômeno plus size. Marcas investem em tamanhos especiais, contratam modelos acima do manequim 40 – como se 42 fosse gorda – tudo na onda da inclusão. Seja em blogs dedicados às gordas, quanto em matérias na internet, alguns homens admitem que admiram e gostam de gordas, mas na maioria dos comentários falam de nós como se fossemos nada mais do que um balde de lixo e gordura. Tantas décadas de degradação na mídia não se apagam com uma simples aparição gorda de meia página.
O gordo é visto com desprezo. Ninguém senta ao seu lado no ônibus, não pode comer em público que logo aparece um olhar de repulsa ou piedade: tadinho, não aguenta parar de comer. Roupas então???? Sempre mais caras, piores e feias.
Mulher sofre mais ainda. Acham que somos todas senhoras friorentas de 70 anos, já que nossa opção de compra se resume em: mangas compridas, grandes bordados, estampas idiotas e tons pastéis (nem mesmo as de 70 devem vestir isso).
O machismo também se faz presente na gordura. Homem gordo é fofo, mulher é relaxada. Quem nunca ouviu: tem o rosto tão bonito, se emagrecesse… Gorda é sinônimo de desleixo, sujeira, doença, desastre total. Por que anorexia é menos agressivo que obesidade???
A consultora de moda do Fantástico, Gloria Kalil, se referiu às modelos do Fashion Week Plus Size como anomalias. Isso mesmo. Disse que entre o distúrbio da anorexia e da obesidade, ser gordo é bem pior. Como assim??? Doença é doença.
Antes que venham falar que defendo a gordura, deixo bem claro: defendo a autoestima e a saúde. Não é fácil ser gorda. Olhares tristes das vendedoras, não poder comer um docinho na frente dos amigos, mas isso não significa inferioridade. Já tentei dietas malucas, já quis pesar 50 quilos, nada que uma dose de autoestima e uns olhares cobiçadores não resolvessem.
Sou gorda. Amo salada, saio, danço, sou paquerada. Muitas vezes, fiz mais sucesso que minhas magras amigas na balada. Conheço magras que fazem sexo fácil, comem fast food e perdem pra mim na subida de escada. Melhores ou piores do que eu??? Não, apenas mulheres.
Nós, gordas, não queremos piedade, pedidos de desculpas, viver na ditadura do Tam. 38, nem a anistia das roupas de malha – quem disse que só gostamos disso? – muito menos aparecer. Só queremos igualdade. Como qualquer mulher.
(Natasha Fernandes Mendes)
Natasha é carioca e tem 22 anos.
Recebi o e-mail da Natasha com o pedido para publicar no blog, e como já disse a ela no Email me sinto honrada quando vocês escolhem o blog para expor as ideias e opiniões de vocês.