Hoje um moço escreveu num jornal de grande circulação sobre como gordinhas são “um desejo de consumo masculino” (pessoas? seres humanos? tá pensando que é quem, garota?), fez piada sobre quem come alface (revirei os olhos) e ainda chegou à brilhante conclusão de que gordas não leem Freud.
Quantos textos pseudo-elogiosos às gordas vocês já leram? Opinativos, claro, porque os “jornalísticos” são sempre dizendo como estamos à beira da morte. Dá para escrever tratados sobre os assuntos equivocados: a questão midiática, o fenômeno chubby chaser, a necessidade da mulher se ver por meio do olhar do homem…
Mas um ponto pouco mencionado quando esses textos são publicados é que eles nos dividem. É, nós, mulheres. De um lado, as gordelícias; do outro, as magrelas. Se você está ali no meio – é sarada, gostosa, toda a mídia já é pra você, mesmo. Se você é gorda/obesa, se fode aí.
O fato é que esse pensamento “quem gosta de osso é cachorro” e correlatos fazem com que exista uma rivalidade entre as mulheres. Nós somos criadas há milênios, e eu não estou sendo exagerada dessa vez, a nos odiarmos. A enxergarmos a outra como inimigas.
Colocam mulheres em caixinhas, mas nós não cabemos, magras ou gordas, em nenhuma delas. Porque somos múltiplas. E amigas, aliadas, companheiras. Nós todas lidamos com a opressão existente só por sermos mulheres. Fora isso, estamos contando moedas para sobreviver até o fim do mês (hoje já é 29, será que o cartão já fechou?), nos olhamos no espelho e nos sentimos horrendas, checamos o celular de vez em quando para ver se finalmente chegou a resposta do whatsapp.
Somos muito mais parecidas do que dizem por aí. Claro que temos nossas individualidades, mas as pressões sociais (“já casou?”, “não vai ter filho?”, “e os namoradinhos”) incidem sobre nós do mesmo jeito. O peso pode ser diferente; o problema, inescapável.
Eu sou gorda (não gordelícia) e não quero competir com nenhuma magra, magrela, nem com outras gordas. Eu não quero competir com ninguém, ainda mais com mulheres, que podem me entender tão bem. Os laços entre nós são muito frágeis, e textos como o de hoje ajudam a parti-los. Precisamos, na verdade, reforçá-los e, ao nos darmos conta que somos todas mulheres, esses laços se tornarão inquebrantáveis.
Texto retirado do blog Cem Homens em um ano.
Este texto precisa ser lido por vocês, sei que muitas de nós na ânsia de ter textos elogiosos aos nossos corpos acabam vendo apenas a positividade nas palavras e deixam passar despercebido oi fato que o autor induz o tempo todo que um biotipo é melhor que o outro.
Exitem pessoas com qualidades e defeitos em qualquer forma física, não existe fórmula mágica.
Vamos focar em ser linda, gostosa e legal, mas sem precisar desqualificar as amiguinhas diferentes. Combinado?