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Categoria: Bullying

27.10.10

Aconteceu: Rodeio de Gordas

Um grupo de alunos da Universidade Estadual Paulista organizou uma “competição”, batizada de “Rodeio das Gordas”, cujo objetivo era agarrar suas colegas e tentar simular um rodeio.

A agressão ocorreu no InterUnesp 2010, realizado em Araraquara, de 10 a 13 de outubro.
Roberto Negrini, estudante do campus de Assis, um dos organizadores do “rodeio das gordas” e criador da comunidade do Orkut sobre o tema, diz que a prática era “só uma brincadeira”.
Segundo ele, mais de 50 rapazes de diversos campi participavam. Conta que, primeiro, o jovem se aproximava da menina, jogando conversa fora. Em seguida, começava a agressão.
“O rodeio consistia em pegar as garotas mais gordas que circulavam nas festas e agarrá-las como fazem os peões nas arenas”, relata Mayara Curcio, 20 anos, aluna do quarto ano de psicologia, que participa do grupo de 60 estudantes que se mobilizaram contra o bullying.
As vítimas não querem falar sobre o assunto. “Uma das meninas está tão abalada que não teve condições de voltar à faculdade. Teme ficar conhecida como ‘a gorda do rodeio'”, afirma a advogada Fernanda Nigro.
Negrini afirmou que o objetivo não era ofender ninguém. Magras também eram agarradas, ele diz. Negrini disse que se arrependeu do que fez. Conta também que propôs ao Diretório Acadêmico uma “autopunição”.
Matéria retirada daqui.

Estamos em 2010 e nos deparamos com isso acontecendo em uma Faculdade?
Até quando vai ser assim?
Precisamos nos impor sempre e não nos sujeitarmos a essas piadinhas.
Preconceito é Crime e precisamos denunciar qualquer fato que nos deixe constrangidos.
Quem sabe um dia não ficamos livres disso.
A tentativa é deixar um mundo menos preconceituoso para as novas gerações.
14.08.10

A Flecha que está no seu Olho

Acho que o maior problema que uma pessoa enfrenta em relação a meros kilos a mais, ainda mais quando essa pessoa foi gordinha , conseguiu emagrecer e engordou depois o dobro novamente(meu caso) sem dúvida é ter que lidar com os olhares de pessoas que não vê há muito tempo. 
Algumas pessoas são educadas, fingem que nem notam (eu faço isso quando encontro alguém que engordou ), mas outras… valha-me Deus ! Faltam colocar um espelho em nossa frente ou nos mandar dar uma voltinha pra ver os excessos!!!
Não tem senso algum de educação e bons modos!
 Aconteceu comigo , diversas vezes , algumas pessoas faltaram me engolir!
Um dia fui a casa de uma amiga que não via há tempos e o cunhado dela que também não tinha mais me visto depois que engordei alguns kilos (muitos), chegou sem piedade alguma, olhou pra mim e ja disse na cara :
” Voce esta grávida Graciele ” ?
(E olha que sou alta e tenho pouca barriga, apesar do excesso de peso)
Logo eu ja respondi :
” Não estou grávida, estou gorda!”
A esposa dele ficou perplexa com a pergunta indiscreta feita a mim e na hora ja disse pra mim perguntar a ele se estava com alguma doença grave, pois estava muito magro e acabado !
Na hora fiquei triste, com um sorrisão amarelo, mas depois comecei a pensar que são sempre pessoas inseguras e FEIAS que agem assim com os outros!
Pois esse cara é feio pra “xuxu”. É magrelo , narigudo , sem sal e sem açúcar !
Um episódio parecido aconteceu na mesma casa que fui visitar uns 5 meses depois ! Dessa vez foi a cunhada gordinha que também não me via há tempos. Cheguei lá e a mesma não tirava o olho das minhas coxas e estômago! Gente, eu fiquei super sem jeito, pq ela não disfarçava. Mas no mesmo momento me perguntei o porque ela me olhava tanto se ela estava mais gorda que eu. Eu sempre tento não arrumar confusões em relação a isso, pois mesmo querendo perder peso eu quero ser uma pessoa bem resolvida com 100 ou 60 kilos, e se a cada probleminha desses que eu encontrar no dia a dia, for brigar com meio mundo iria viver só pra isso porque vejo que a maioria das pessoas não estão satisfeitas com sua aparência, e como eu falei a maioria que repara ou faz algum comentário maldoso são estes! Veja : o magrelo narigudo , a ” reparadeira mais gorda que eu ” e tem outro episódio que eu tenho que contar. 
Há um mês eu estava na casa de minha tia que tem uma baixa estima devido ao excesso de peso e a idade, e que vive fazendo de tudo pra me deixar pra baixo. Mas naquele dia, eu estava bem comigo, me sentindo ótima. Chegou meu primo (que esta uma bolinha) e a esposa dele (que tinha um corpão de dançarina de axé, e hoje engordou uns 10 kilos). Falamos algumas coisas sobre obesidade e tal. Fomo assistir TV e estava passando um quadro com a Mama Brusqueta no programa do Silvio Santos e meu primo do nada falou que ela se parecia comigo !
Pronto! Ele e minha tia da baixa estima começaram a rir de mim sem parar, minha tia chegou a perder o folego! Juro que dessa vez eu ia brigar feio, mas aí decidi retrucar com a mesma moeda. 
Eu simplesmente disse que o achava a cara do João Gordo e que nossa família era cheia de artistas, e depois falei que ele se parecia mais com a Mama Brusqueta do que eu, pq a mama é homem e eu sou MULHER! Ai ele foi embora e minha tia veio super sem graça dizendo que ele brincava comigo porque me considerava como irmã, etc e tal.
 Eu disse a ela q estava tudo bem, pois o que vi foi apenas UM GORDO TIRANDO SARRO DE OUTRO , COM UMA GORDA NA PLATÉIA ASSISTINDO (que era ela ) Pronto! Ela ficou sem graça e o papo morreu por ali, mas mal saberia ela que 02 semanas depois ela iria ser o alvo! Minha prima fez uma tatuagem de uma rosa no pescoço, esta prima eliminou 15 kilos com reeducação alimentar e minha tia chegou e foi falando da tatuagem e dizendo que tinha vontade de fazer uma tatoo também, o que ela não esperava era que minha prima ia dizer na cara dela com segundas intenções para tatuar um dragão ( por que será né ?). Pensem em alguém que ficou vermelha de raiva, que esbravejou, deu coices, quase chorou ??? Assisti a tudo de camarote e vi que esse troço de da um tapa na cara e ja mandar outro é bobeira. O negócio é esperar o tempo certo…que vemos as lições se aplicarem as pessoas .
E hoje? Aprendi a me controlar diante desses fatos, dessas pessoas que não sabem disfarçar, eu vi que a maioria sofre com problemas de baixa-estima, e quer com gestos assim atingir aos outros que se sentem bem pelo que são!

Reli esse texto no Gordinhas Maravilhosas, ele foi enviado em 2009 por uma leitora que mantinha um blog sobre dietas, menos de 3 meses depois ela veio a falecer e foi bem triste ver alguém tão linda e jovem partir desta vida.
Mais lendo esse texto me deu grande satisfação em saber que mesmo almejando emagrecer ela soube se amar Gordinha mesmo com tanta gente inconveniente ao seu redor.
Mocinha onde for que você esteja, que você seja feliz.

13.08.10

Escola é terreno fértil para o nascimento e o combate do bullying

A gota d’água foi numa segunda-feira de novembro. A menina de 10 anos voltou chorando do colégio, na zona leste de Santa Maria. Uma vizinha viu e perguntou o que tinha acontecido. Soluçando, a guria respondeu.

— Eles me chamam de cabelo de bombril, assolam “passou, limpou”, cabeça de esfregão. Disseram para eu ir lavar a louça da casa deles. Eu fugi — contou, a jovem negra de cabelo carapinha.
A moça levou a menina para casa. Foi recebida pela avó, uma senhora de 68 anos, que contou que não era a primeira vez que a neta era ofendida pelos guris e chegava em casa aos prantos. O conselho da vizinha foi que a avó fosse se queixar na escola, já que a neta havia sido vítima de uma humilhação chamada bullying.
O termo em inglês caiu na boca do povo, mas pouca gente sabe o que significa. Ele não se aplica a uma briga ou a troca de palavra atravessadas entre colegas. Porque bullying é um conjunto de comportamentos agressivos e intencionais contra uma pessoa ou grupo, sem motivo evidente, para causar dor ou dano, sem revide eficaz da vítima. A violência, física ou verbal, ocorre repetidas vezes.
— O bullying nasce na intolerância, no preconceito, na exclusão. A criança geralmente é obesa, é negra, é pobre, tem uma religião diferente. E aí que se caracteriza o bullying — afirma a professora Cleo Fante, ex-presidenta do Centro de Estudos do Bullying Escolar, em Brasília (DF) e consultora da ONG Plan Brasil.
Autora de dois livros sobre o tema e considerada autoridade no estudo de bullying no Brasil, Cleo participou, no ano passado, da realização de uma pesquisa nacional realizada em 25 escolas das cinco regiões do país. No levantamento, feito pela Plan Brasil, foram entrevistados 5.168 alunos de 5ª a 8ª séries. Destes, 70% disseram ter testemunhado algum tipo de violência no colégio (física ou verbal) e 20,1% havia sido vítima de bullying pelo menos três vezes em um ano.
É o que ocorria com a jovem da Zona Leste, que ouvia zombaria dos colegas por causa do cabelo muito crespo. Mas, seguindo o conselho da vizinha, a avó da menina resolveu ir à escola intervir pela neta. Ouviu de uma professora da escola pública que, infelizmente, isso era comum. “Que os gordinhos eram chamados de baleia e que a neta também tinha “de aprender a se defender porque o professor não estava em toda parte”. A avó não gostou da resposta:
— Então a gente coloca uma criança na escola para ela ser tratada como um traste e para não ter um adulto para defender? Deu vontade de trazer para casa na hora.
A aposentada pediu que a neta lhe mostrasse quem eram os colegas que a perturbavam e pediu a eles que não a tratassem mal. O apelo pouco funcionou. Semanas depois, a menina voltou para casa chorando outra vez.
— Aí eu decidi tirar da escola, porque ela estava triste demais — diz a idosa.
Nesta reportagem, você vai conhecer outras histórias de sofrimento, mas também aprender a reconhecer, evitar e combater esse comportamento nocivo — que afeta a crianças, jovens e adultos.
 A dor de ser vítima
— Quando eu usava óculos, ele me chamava de quatro-olhos. Se eu jogava futebol, me chamava de podre, dava carrinho, canelada… Na 2ª série, levei um soco do nada. No ano passado, apanhei várias vezes — conta o menino de 10 anos.
Olhos e voz baixa, o aluno da 5ª série parece assombrado pelas lembranças do desafeto que o perseguia na escola que estudou até o ano passado. Segundo o pai, seu filho foi humilhado pelo colega por três anos, mas a instituição privada da zona central em que estudavam fez vistas grossas ao maucomportamento. Quando os episódios de agressão física do tal aluno e de seu grupo de amiguinhos violentos começou a se tornar frequente, o pai interveio:
— Falamos com a direção duas vezes, mas vimos que não ia mudar nada. Só tinha uma turma de 4ª série na escola. E se eles iam ficar, meu filho ia sair.
Especialistas determinaram um perfil genérico de vítimas e agressores. Em geral, os valentões são populares no colégio e gostam de colocar apelidos nos demais. As vítimas costumam ter algum grau de ansiedade, baixa autoestima ou insegurança.
Isso não é regra. A inteligência de um aluno pode chatear um grupo. De uma hora para outra, o colega participativo vira “o nerd”. Foi o que aconteceu com um aluno de 12 anos, da 6ª série de uma escola privada da zona norte de Santa Maria. Para evitar o apelido, ele parou de participar em sala de aula e seu rendimento escolar caiu.
A beleza também pode ser um problema. Ano passado, um menino de 11 anos de uma escola da Zona Norte teve de raspar a cabeça após receber diversas ameaças de um colega.
— Ele disse que colocaria fogo no meu cabelo se eu não cortasse — conta o guri, que mudou de escola.
Violência verbal ou física praticada entre colegas pode dar origem a ocorrências policiais. Não por bullying, crime que não é previsto pelas leis brasileiras. Segundo o titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Marcio Schneider, as agressões mais comuns relacionadas a esse tipo de violência poderiam ser tipificadas como ameaça, constrangimento, vias de fato e lesão corporal. Mas o delegado esclarece que, até agora, nenhum inquérito por bullying foi aberto em Santa Maria.
O que é bullying?É um tipo de agressão repetitiva e sem motivo de uma pessoa ou de um grupo contra uma pessoa ou grupo mais fraco. As vítimas podem ser submetidas a constrangimentos, humilhações, apelidos jocosos, intimidações, difamações e até a violência física. Em consequência, veem comprometidas sua saúde emocional e suas relações. Crianças podem ter queda no rendimento escolar e até desistir de estudar. Já foram registrados casos de suicídios e homicídios que tiveram o bullying como situação de origem De onde vem a palavra?O termo vem da palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão. Como verbo, significa ameaçar, amedrontar, oprimir. O professor da Universidade da Noruega Dan Olweus pesquisou tendências suicidas entre adolescentes e descobriu que a maioria tinha a ver com algum tipo de ameaça e passou a combater esse tipo de intimidação Onde ele ocorre?É um problema mundial, sendo encontrado em toda e qualquer escola, não estando restrito a nenhum tipo específico de instituição: primária ou secundária, pública ou privada, rural ou urbana. Também pode haver bullying em outros grupos sociais como universidades, locais de trabalho, vizinhanças e até mesmo em famílias Perfil de vítimas e agressores– No Brasil – Em levantamento feito em 2009 com 5.168 estudantes de 25 escolas das cinco regiões do país, 20,1%, dos alunos disseram ter sido vítimas de bullying. Desse universo, 12,5% são meninos e 7,6% são meninas. Dos autores, 12,5% são meninos e 8% são meninas
– 16,8% dos alunos disse ter sofrido bullying por meio da Internet, o cyberbullying
– No Estado – O programa Diga Não ao Bullying, da entidade Iniciativa por um Ambiente Escolar Justo e Solidário, ouviu 7.038 alunos de escolas do Estado. Desses, 80,34% afirmaram que a prática existe na escola. Em 72,4% dos casos, os agressores dão apelidos, “pegam no pé” e zombam das características físicas
– Apenas 2,8% dos casos ocorrem na Internet
Fonte: ONG Plan Brasil
Intimidação na rede
Segundo a ONG Plan, o bullying que mais cresce é o que ocorre na Internet. Acreditando estarem anônimos, muitas pessoas – adultos, adolescentes e crianças – criam páginas, invadem e-mails, mandam mensagens de texto via celular ou usam redes sociais para agredir e caluniar desafetos na rede.
Mas todo crime deixa rastros, e é possível descobrir os autores do cyberbullying. As vítimas têm o direito de prestar queixa e pedir sanções penais. Veja algumas formas de se defender:
– Salve e imprima as páginas dos sites
– Consiga testemunhas
– Dê queixa em delegacia
– Se o autor das ofensas for menor de 16 anos, os pais serão processados por injúria, calúnia e difamação
– Se o agressor virtual tiver entre 16 e 18 anos, responderá junto com os pais
– Se o autor for maior, assumirá a responsabilidade pelos crimes
Fonte: ONG Plan Brasil
Como a família pode ajudar
Pais de vítimas e agressores devem estar alertas
– Habitue seus filhos a contar histórias da vida escolar
– Converse com seus filhos sobre bullying, explique que esse tipo de tratamento é cruel e ensine-os como agir
– Fique atento a bruscas mudanças de comportamento. Uma criança extrovertida que se cala, passa a apresentar distúrbios alimentares, baixo rendimento escolar ou que adoece na hora de ir a escola pode estar sinalizando um problema oculto
– Ao descobrir as agressões, entre imediatamente em contato com a direção da escola e peça providências. Caso haja ameaça à integridade física da criança ou jovem, não hesite: procure a polícia e troque a vítima de escola. Se preciso, procure ajuda psicológica à vítima
– Os valentões também precisam de ajuda. Os pais devem trocar informações constantes com a escola. O guri que em casa é um anjo pode ser um terror no colégio. 

Pergunte ao professor– A criança agressiva pode precisar de auxílio psicológicoFonte: Centro de Estudos do Bullying Escolar

A lei gaúcha
O Rio Grande do Sul é o primeiro Estado do país a ter uma lei antibullying. O projeto do deputado Adroaldo Loureiro (PDT) prevê a criação de grupos de treinamento de professores para diagnosticar e prevenir esse tipo de prática em todas as escolas gaúchas. O texto também prevê apoio psicólogico a vítimas e agressores.

Por Tatiana Py Dutra

 Muito bom saber que o Rio Grande do Sul, já está enfrentando o Bullying com mais preparo e punindo os agressores, espero que não demore muito a chegar isso em todo o país.
Vamos aproveitar as eleições e buscar candidatos que pensem em lutar contra o Preconceito.
Afinal a gente faz a nossa parte mais só com leis as pessoas são punidas.

18.06.10

Mercado de Trabalho para pessoas Obesas?

Conversando com uma leitora ela me relatou que está desempregada e acredita ser por culpa da sua obesidade, pesquisando sobre casos achei um texto que explica muito bem como funciona a cabeça dos contratantes, vou reproduzir abaixo.

OBESIDADE E TRABALHO

De acordo com dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE, 11 milhões de brasileiros com 20 anos ou mais são obesos. Os dados abertos mostram que 9% da população masculina e 13% das mulheres pertencem aos números. Se considerarmos também a população que está acima do peso ideal, o total salta para quase 40 milhões de pessoas.
Ao confrontar esses dados com a situação nas empresas, chega-se a uma triste conclusão: não é fácil para o obeso conseguir emprego.
Todos sabemos que o preconceito contra o obeso existe. É um fator que complica a vida e estreita seu horizonte profissional. Fui conversar com a diretora de uma empresa multinacional e ela apontou as razões implícitas na dificuldade de contratação de pessoas obesas.
Ela mencionou as dificuldades dos obesos para ocuparem vagas que exigem uma exposição maior da imagem corporal. Não se trata das empresas fazerem questão de ‘pessoas bonitas’, mas porque a estética física parece estar ligada à idéia de saúde e de uma boa relação das pessoas com o próprio corpo.
Além disso, os obesos têm dificuldade em acompanhar a agilidade motora dos magros em cargos que exigem isso. Profissionais obesos têm maiores índices de comorbidade, de faltas ao trabalho relacionadas a problemas de saúde e maiores índices de licenças médicas.
Com um mundo jogando contra, é compreensível o surgimento de associações de obesos, como a Associação Americana para da Aceitação dos Gordos, que busca defender os direitos do cidadão obeso norteamericano. Eles reclamam de aumento nas recusas das seguradoras de saúde, além do risco de pagarem mais caro por passagens aéreas.
É importante que a sociedade compreenda que a obesidade é uma doença crônica, ainda sem cura, mas que está longe de ser uma fraqueza de caráter ou um desleixo com a vida pessoal. Ressalte-se que obesidade tem tratamento. E um acompanhamento psicológico pode ser um agente coadjuvante de excelente utilidade para se acelerar o alcance de resultados.

ABRAHAM SHAPIRO
http://profissaoatitude.blogspot.com/

Vocês já passaram por isso ?
Acham que isso realmente pode influenciar na hora de uma contratação ?

28.04.10

Bullying: a violência disfarçada de brincadeira


Poços de Caldas, MG, 18/04/10 – “Quem quer brincar põe o dedo aqui/que já vai fechar/e nunca mais abrir”. As crianças se agitam e tentam encostar um dedo na mão aberta de quem começou a brincadeira. A menina gorda corre e tenta alcançar a mão. Consegue, mas é empurrada por quem está em volta. Ela não entende e empurra também. A garota continua na roda. Alguém grita: “Ela não vai brincar de pega-pega. É gorda. Não vai brincar”.
Um ri. Outro também. Começa uma sucessão de gargalhadas. Ela quase ri também. Leva algum tempo até perceber que todos estão rindo dela.
“Você não vai brincar. Vai ficar olhando”. É a satisfação que dão. “Por que?”. “Porque não queremos. Você é gorda”.
Muitos a apontam, cochicham e continuam rindo. A garota gorda sou eu.
Tenho quatro anos e estou no Jardim I, o equivalente à iniciação escolar de hoje. Afasto-me e tento conter o choro. Não entendo exatamente o que está acontecendo. É a primeira vez que me impedem de fazer algo porque sou gorda. Até então, só tinham me proibido de fazer arte e as regras valiam para todas as crianças. Por que eu não podia brincar? Será que se eu fosse magra eu poderia me divertir com eles? Até aquele dia, meus quilos a mais nunca representaram um problema. Pelo contrário. Os adultos me achavam fofa e gostavam de me segurar no colo.
O sorriso deles durante a brincadeira me incomoda, mas, o que mais me machuca é que uma das garotas vem até mim e grita, na minha cara: gor-da ! Assim mesmo, bem sonoro. Não aguento. Começo a chorar. Talvez se eles perceberem que eu estou triste ficarão com pena e me deixarão brincar. Acontece o inverso. “A gorda agora está chorando. Chorona! Chorona!”. Quanto mais gritam, mais eu choro.


O presente e as marcas

Tenho 24 anos e na época não imaginava que ser ridicularizada por colegas de classe era algo que deixaria muitas marcas.
Hoje, este tipo de agressão tem nome. O bullying, adjetivo que vem do inglês e significa “bancar o valentão” é tema de pesquisas acadêmicas, bastante debatido entre educadores.
Comigo não foi assim e levei muitos anos e horas debruçada sobre livros até superar os traumas causados pelos colegas de escola. Acuada, assisti mais partidas de vôlei, futebol e rodadas de pega-pega e esconde-esconde do que participei dos jogos. Sempre tinha alguém para me “proibir” de participar e rapidamente ganhar a simpatia de todo restante da turma. A tirania, muitas vezes incentivada pelos professores, me ameaçou, oprimiu e amedrontou. Por muitos anos, tive medo de, na escola, levantar a mão e participar da aula. Sempre que eu tinha alguma dúvida era vaiada e insultada. Sempre usavam o fato de eu estar acima do peso como defeito imperdoável.
Na adolescência, por meio da literatura e da cultura de rua com as quais me envolvi, percebi que a autoestima era mais importante e que, mesmo que eu pudesse estar inserida no grupo dos agressores, já não parecia ser tão divertido.
Não queria mais pessoas do tipo dos agressores próximas a mim. Desta vez fui eu que passei a ignorá-las e tratá-las com a mesma agressividade com que se dirigiram a mim durante toda a minha infância. Nunca tiveram medo de que isso pudesse me magoar. Mas sempre doeu.
Acho que as marcas de me sentir menosprezada ainda se fazem presentes, embora agora eu não me esforce mais para eliminar os quilos excedentes e não sofra com isso. Consigo me defender de qualquer forma de exclusão por este motivo.
Escrever minha própria experiência expulsa os demônios da infância e propõe a reflexão sobre os dados atuais.

Por Jessica Balbino e Wagner Alves