Fiquei contente, porque acho que finalmente estão começando a entender que gorda também quer – e pode – se vestir direitinho, andar na moda e se sentir mulher.
Desde que me conheço por gente, fui gorda.
Nasci com quase 5 kg, depois fui uma criança gordinha. Na adolescência, era obesa e objeto de piada dos meninos da escola e só quem passou por isso sabe o quanto magoa e o quanto isso pode acabar com o nosso futuro. Arrumar namorado, nem pensar. Com raras excessões, os carinhas bonitinhos só namoram as boazudas burras e tapadas. As gordas inteligentes ficam sempre de lado.
Cresci acreditando que mulher gorda não tinha vez neste planeta.
Sempre foi uma briga comprar roupas porque as roupas G e GG eram geralmente horrorosas, feitas pra senhoras e nunca pra jovens. Então houve uma época em que eu me vestia como a minha avó, mesmo tendo 1/3 da idade dela.
Isso me deixava deprimida.
Sempre fui bonita mas igualmente, sempre gorda e isso parecia uma maldição!
Porque o mundo todo faz questão de te mostrar – como se você não soubesse – o quanto ser gorda é uma aberração da natureza.
Porém, de uns tempos pra cá tenho notado que esse conceito tem mudado um pouco. A obesidade ainda tem sido vista como uma doença – ou a causadora de – mas acho que as pessoas obesas tem ganhado mais espaço na sociedade, afinal, não sei se perceberam mas a sociedade é obesa!
Me incomoda muito, porém, essa coisa de tentar fazer o gordo se sentir culpado, como se estivesse todos os dias cometendo o pecado mortal de ter um padrão corporal diferente.
Me incomoda ver que uma mulher gorda nunca é considerada bonita. Ela é sempre “um rosto bonito” como se a gente devesse arrancar a cabeça e jogar o resto fora.
Me incomoda ser rotulada como “a gorda”, “a fofinha”, “a gordinha”. Eu sou EU! Não sou uma parte de mim!
Também me incomoda quererem me enfiar goela abaixo a idéia de que GORDO = DOENTE.
Se a obesidade facilita o aparecimento de algumas doenças, igualmente nem todo gordo é doente.
Gordo não é sem vergonha, nem safado, nem é gordo porque gosta de ser. Mas é gordo e nem por isso se torna menos gente.
Uma mulher gorda continua sendo uma mulher com desejos, anseios, sonhos, fantasias…
Hoje eu assumo sem nenhuma culpa ou vergonha que sou gorda e da mesma forma, sou feliz!
Parabenizo as lojas e confecções que conseguem ter a visão de que os consumidores obesos são um grande quinhão do nosso mercado e que uma gorda feliz vai se tornar a mais fiel consumidora.