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11.09.14

Vai mesmo, gordinha!

Lendo o texto que Mariliz Pereira José escreveu para a Folha: “Vai, gordinha”, admito que me senti incomodada. Por se tratar de um veículo de informação com tamanha visibilidade, me entristece e me preocupa ver uma gordinha que se exercita sendo comparada, nas palavras da cronista, a “um queijo provolone amarrado se desmanchando”.
Ao dar uma proporção gigantesca aos 7 quilos que adquiriu em um ano, a autora confessa que toma banho à luz de velas para evitar visualizar o próprio corpo, se auto intitula uma “gordinha esperta” por saber vestir-se de forma a parecer mais magra, além de afirmar que se submete à atividades físicas que detesta. Não pretendo aqui, de forma alguma, atacar a escritora ou desmerecer seu trabalho, mas, analisando sua abordagem, percebe-se que, durante todo o texto, a pessoa “gordinha” é associada, unicamente, a algo negativo, indesejado e digno de compaixão, o que é, a meu ver, totalmente problemático.

vai_gordinha
Ao mostrar seu sofrimento para adequar-se aos padrões de beleza, a autora, ao invés de utilizar a exposição de suas próprias vivências como uma forma de criticar e questionar tais construções, peca ao fazer exatamente o oposto: reforçá-las. Mas, cara Mariliz, sei que você não tem intenções de promover o ódio e o preconceito, já vi muitas mulheres fazendo comentários como os seus. Sinto que muitas vezes, nós mulheres, estamos apenas reproduzindo o que nos foi ensinado desde pequenas: criticar mulheres por suas formas físicas.
Mariliz, entendo que a beleza não conhece formas, que não é medida em quilos. Ela reside, ao contrário, exatamente na tranquilidade de ser exatamente aquilo que nós mesmas quisermos ser; e jamais no que é moldado pela opinião alheia. Eu também me solidarizo com a gordinha que está lá suando na esteira, seja por qual motivo for, porque acredito que ela está disposta a mudar, de ver a vida de outras formas. Coisa que talvez o seu amigo que não gosta de gordinhas ou mesmo você que não gosta de regatas parecem não estar.
Hábitos saudáveis de vida são importantes e devem, sim, ser estimulados, mas tão importante quanto é que possamos definir claramente nossos próprios interesses e metas para que elas jamais se confundam com aquelas que, desde muito cedo, acabam construindo para nós. E é por isso que não podemos fechar os olhos para a reprodução da gordofobia que, de alguma forma, se encontra presente em suas palavras; é preciso que, apesar de todos termos direito à preferências pessoais, se lute contra a imposição do que é “bonito” e do que é “feio”, se lute contra discursos que possam denegrir o outro.
Por isso, Mariliz, desejo profundamente que, com 7 quilos a mais ou a menos, você possa se sentir bem com o seu próprio corpo; que nunca venha a sofrer de dor lombar, mas que não deixe de comer pizza com seus amigos para comemorar as coisas boas; que use roupas que te fazem sentir linda, mas que jamais abdique do seu conforto; que tome banho pelada, com um espelho na frente e com todas as luzes da casa acesas para poder se lembrar todos os dias do quão poderosa você é; e que, quando for capaz de se sentir incondicionalmente linda e LIVRE, passe a encorajar todas as gordinhas e magrinhas a fazerem o mesmo. Vai mesmo, gordinha! Vai mesmo, mulher!

Texto de Patrícia Sebastiany Pinheiro – Postado originalmente em Blogueiras Feministas.

No fim de semana a Patrícia me enviou este texto para que eu pudesse ler, eu gostei tanto que achei que vocês precisam ler também e por isso estou fazendo um repost dele para vocês.
Eu aproveito para reforçar o que eu sempre falo com vocês:
Nunca deixem que o preconceito alheio limite as vontades de vocês, nós podemos ser o que quisermos só depende de nós. <3

3 Comentários // Deixe o seu!

  • Victoria Bezerra says:

    Nunca me achei bonita por ser gorda, e sempre fui assim, por isso tento mudar constantemente por dentro e por fora, tentar me aceitar, me amar…sou jovem ainda e a discriminação sempre foi muito forte e vivo saindo e entrando em depressão, mas sempre guardei essa parte de mim só pra mim. Minha luta continua, rumo ao amor próprio, um dia eu chego lá!

  • Paulo Antonio says:

    Se liga aí, pessoal!
    Sou hétero, casado (e muito bem casado) com uma baixinha gordinha que lembra as pinturas de Botero! Linda, maravilhosa, gostosíssima (no mais alto grau do superlativo absoluto sintético). Não suporto esse culto da magreza feito por essas mulheres subjugadas pela doutrinação escravagista das academias; não sinto o mínimo de atração por pernas secas, carnes minguadas, ossadas à mostra, costelas salientando sob as pele, rostos ossudos que lembram a cara da múmia de Ramsés II. – Adoro gordinhas, lindas, sensuais, fofas, gostosas, macias, ternas, carinhosas, curvilíneas, rostinhos redondinhos e suculentos, barriguinhas fofinhas e macias com umbiguinhos fundinhos, como uma covinha aberta a espera de um beijo molhado. Nunca se sintam rejeitadas, vocês são lindas e me tiram a paz.

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