Anorexia nervosa, bulimia nervosa, transtorno da compulsão alimentar, síndrome do comer noturno, transtorno alimentar restritivo/evitativo, entre outras, são as doenças conhecidas como transtornos alimentares, algumas vezes chamados de distúrbios alimentares.
Os transtornos alimentares não têm cara. Muitas pessoas fazem associações como “anorexia = mulher magra demais”, “bulimia = vomitar” ou “compulsão = pessoa gorda e que come muito”. Isso é completamente prejudicial, porque homens podem ter anorexia nervosa, pessoas não-magras também podem ter anorexia nervosa, existem muitas pessoas com bulimia que não vomitam, ter compulsão não é apenas comer muito, existem muitas pessoas que tem compulsão e que não são gordas, e a maioria das pessoas gordas não tem compulsão. Assim, todas as pessoas que não “preenchem os critérios” não percebem que tem algum transtorno alimentar e não vão buscar ajuda para isso.
Traduzindo: uma pessoa gorda pode ter qualquer um deles! Isso não tem relação com o peso ou forma do corpo da pessoa, mas sim com comportamentos, pensamentos e sentimentos em relação ao corpo e à comida.
Algumas características que talvez sirvam como ponto de atenção:
• Medo grande de comer alguns alimentos OU
• Achar que é dependente (viciado) em comida OU
• Alternar entre períodos de dieta e de “comer muito” OU
• Fazer misturas alimentares estranhas OU
• Comer coisas que não são comidas (papel, sabão, etc) OU
• Pensar constantemente em emagrecer e em controlar a alimentação OU
• Evitar situações sociais (festas, happy hour) por medo de comer OU
• Sensação de perder o controle enquanto come OU
• Medo grande de engordar OU
• Comer escondido OU
• Ficar pensando sistematicamente em quantas calorias/ingredientes/carboidratos tem aquela comida OU
• Não conseguir decidir o que comer porque acha que tudo faz mal OU
• Muita culpa após comer os alimentos.
Fazer dieta é o principal estimulante para um transtorno alimentar. Às vezes ela vem mascarada como “comer certinho”, “só comida de verdade”, “só alimentos limpos”, mas ainda assim o mecanismo que ela funciona é mesmo. Então fuja das dietas!
“Mas se eu ficar sem fazer dieta aí que vou aumentar o meu peso sem parar”: esse é um pensamento comum, por achar que a única forma de comer bem é fazer uma dieta, mas não é, existem outras maneiras, e são essas maneiras que ajudamos pessoas com transtornos alimentares.
A maioria das pessoas tem horror ao nutricionista, mas esse é único profissional que pode ajudar a melhorar sua relação com a comida para comer melhor e sem “neuras”. Mas não é qualquer nutricionista que pode ajudar nesses casos. É preciso que seja um nutricionista especializado / aprimorado em transtornos alimentares (o tratamento é muito diferente do que se faz em outras situações clínicas). Nutricionista comportamental não é nutricionista especializado / aprimorado, nutricionista que teve ou tem transtorno alimentar não é nutricionista especializado / aprimorado, coach de emagrecimento não é nutricionista especializado / aprimorado.
O psicólogo é muito importante no tratamento, trabalhando “as reais causas” do problema. O psiquiatra muitas vezes é necessário para entrar com alguma medicação que ajude.
Todos os dias eu ouço das pessoas sobre a vergonha que sentem por ter essa doença e o tanto de culpa, por achar que elas não têm força de vontade, determinação ou foco. Muitas vezes também se sentem “sujas” e se comparam com animais comendo, frequentemente o porco. Se sentem sozinhas, julgadas, as piores pessoas do mundo.
A boa notícia é que tem solução, basta procurar a ajuda certa para a situação!