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07.05.15

Problematizando a palavra “Gordinha”.

“Juliana? Qual delas?”
“Aquela gordinha, dona de uma loja de roupas plus size”.
Hoje me peguei pensando nas palavras “Gorda” e “Gordinha”. Acredito que há ponderações que posso fazer sobre o termo “Gordinha”. Posso até estar inventando alguma moda aqui, mas, no meu entendimento, a não ser que você esteja uns 8 kg acima do seu peso, vc não é gordinha, é gorda. G-o-r-d-a.
E eu, gorda aqui que vos digito, acho importantíssimo perdermos o medo desse adjetivo, pois ele nomeia uma característica do nosso corpo. E é fruto também de incontáveis olhares feios, cagações de regra e frases prontas como a de “Não é por estética, Mas…”
Não devemos nos ofender com a palavra Gorda. A partir do momento que assumimos com todas as letras esse nome, ele perde a conotação negativa e passa a ser uma fonte de empoderamento e libertação dos padrões limitados de beleza da sociedade contemporânea.
Quando aceitamos ser chamadas de gordinhas, estamos aceitando aquele 48/52 que aperta, estamos anulando a voz e existência de pessoas, corpos, almas de tamanhos diferentes. Estamos negando a possibilidade de amor próprio e aceitação por uma pessoa gorda, obesa e, porquê não, obesa mórbida. É claro que existem problemas de saúde atrelados ao excesso de peso, mas não é por isso que uma pessoa fora destes padrões rígidos e escrotos de beleza não pode e não deve se amar e se achar linda todos os dias. Ser gorda ou gordo na sociedade de hoje e assumir esse estigma, quebrando os incontáveis preconceitos de quem não está nessa situação, não é só tomar um milk shake sem culpa.

quote gorda
O peso não está de fato nos quilos. Quer dizer, está também. Mas não é ele que realmente conta. Não é ele que realmente dói. As palavras, os julgamentos, os olhares com ar de superioridade doem muito mais. O peso que a nossa sociedade fiscalizadora da vida alheia faz, sobre a vida e a alimentação do gordo, por exemplo, é muito maior.
Conseguir viver com isso, hoje em dia, sem em nenhum momento do dia se sentir subjugado, inferior, feio, e [insira característica negativa aqui] é mais do que um ato de amor próprio. É um ato político. Ser gorda/o e estar bem com isso hoje é o propósito e causa de uma luta. A minha luta: contra a gordofobia. O preconceito, velado, travestido em forma de “Mas é para a sua saúde” e controlador, limita, dita padrões sobre como ser feliz, como ser bonito, como o outro deve viver. E bem, a verdade é que a vida não é um The Sims onde podemos controlar tudo e todos, criar e personalizar. As diferenças, essas sim, são bem vindas, sempre. São as que acrescentam, transformam, mudam. Ampliam olhares e horizontes. Gorda, para mim, não é uma simples palavra ou insulto. É o nome da minha rebelião~

Texto por Crow Luine

* Frequentemente teremos aqui termos problematizados, dicas são bem aceitas. <3

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