Não sou conservadora, mas diante da televisão as coisas mudam. Recentemente fui assistir a um filme, porque tinha um ator que eu gosto, mas eu sabia que o filme era violento e cheio de momentos sem noção. Mesmo assim eu quis ver, então sai da minha casa e fui ao cinema. Mas com a televisão não é a mesma coisa, assisto com o controle remoto na mão e mudo sem dó de canal, ainda assim acho que bom senso não mata ninguém e quem faz os programas deveria ter noção disso.
Na novela `Amor à vida ´ um personagem que causou polêmica desde o começo foi o da enfermeira Perséfone, uma gordinha preocupada em perder sua virgindade.
Desde o primeiro capítulo tudo em relação a ela parece ser uma farsa, uma coisa de mau gosto. Ela só pensa em perder a virgindade e talvez eu não possa falar com muita propriedade disso porque nunca trabalhei em um hospital, mas ela faz questão de contar pra todo mundo e sempre está convidado homens para jantar, sonhando em ter sua `primeira vez ´ com um deles.
No começo era irritante ver uma personagem gordinha agindo dessa maneira, dava a impressão que todas as gordinhas são rejeitadas pelos homens e vivem pelos corredores mendigando atenção masculina. O personagem era meio antiquado na maneira de vestir e agir.
Mas agora o autor conseguiu se superar Perséfone não é uma pessoa gordinha fazendo coisas estranhas, agora conseguiu ser um personagem totalmente sem noção e fora da realidade.
Ela parece pouco profissional, me pergunto quem quer cair nas mãos de uma enfermeira que só pensa em sexo e fica atrás de todos, até em uma reunião com o diretor do hospital ela trouxe o assunto a tona.
E no sábado o autor cruzou todas as linhas éticas possíveis, caso elas existissem.
A enfermeira Perséfone convidou um rapaz para ir jantar a sua casa, um enfermeiro do mesmo hospital. O rapaz chegou na casa dela, jogou a moça na cama e começou a dar uma surra de chicote, já que ele tinha entendido que era isso que ela queria.
Ela é salva pela sua amiga, mas a cena foi constrangedora, horrorosa e penosa.
Eu tinha bronca com a personagem desde o começo, porque sempre senti que era desenhada com todo o preconceito que os personagens gordos são, mas hoje tenho um profundo asco pelo texto, porque o autor prova que não tem a menor ideia do que uma mulher pensa.
Nunca tive nenhuma amiga assim, disposta a perder a virgindade com um estranho, nunca vi isso. Minhas amigas e eu ainda fomos doutrinadas com aquela velha história de amor, ninguém saiu transando com estranhos na sua primeira vez.
É terrível ver isso na televisão, passa a mensagem que a primeira vez não vale nada, é tão sem sentido que pode ser com qualquer estranho que aceite ir a tua casa e te faça o `favor ´.
Perséfone virou uma caricatura, uma loucura do autor, eu nunca vi alguém como ela na vida real e a coisa ficou tão maluca que conseguiu superar a ideia de ser um personagem que fazia apologia ao preconceito com os gordos. Perséfone é tão doida que não tem razão para existir, não faz diferença se é gorda ou magra, ela é apenas um sonho ridículo de um autor que não conhece nada da alma feminina.
Mas era pra fazer graça! Por isso o autor colocou uma comediante para fazer o papel.
Ah, era pra fazer graça? Com o que? Com uma gordinha que no começo era rejeitada por todos, depois virou uma pessoa sem noção que grita pelos corredores que é virgem e agora leva qualquer um a sua casa para perder a virgindade?
Não vejo graça nenhuma nessas situações, acho uma piada machista colocar uma mulher assim e para quem estava preocupada com a maneira que as gordinhas estavam sendo mostradas, podem se tranquilizar, Perséfone cruzou todas as barreiras, como enfermeira ela rouba expedientes para ajudar a uma amiga e fica mais preocupada em caçar homem do que em trabalhar e como mulher chega ao ponto da loucura de enfiar em sua casa qualquer um até acabar em um episódio apanhando.
Ela não representa nem mostra a vida de uma gordinha, caso ela represente alguém deve ser o pessoal emocionalmente desequilibrado, aquele que precisa de um tratamento urgente, porque o problema de Perséfone não é o peso, nem a virgindade ,mas o desequilíbrio emocional e esse pode aparecer em qualquer um, não importa o peso da pessoa.
PS: Se vocês também acreditam que a personagem precisa ser revista urgentemente, cliquem aqui e assinem.
Iara De DuPont
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