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29.12.09

Passarela com Curvas

Fico me perguntando como deveriam sofrer as mulheres magrinhas naquela época em que os pintores consideravam musas apenas as mulheres mais portentosas.

É… os tempos mudam!
Veio o tempo das modelos altas e magras, e até mesmo o das macérrimas, anoréxicas, literalmente morrendo de fome.
Mas o pior da modernidade nem foi isso, mas o photoshop: esse recurso tecnológico que leva a todos os não “photoshopizados” a sensação de feiura, débito plástico e imperfeição física.
Quantas pessoas não se sentiram feias na hora da nudez só porque a nudez, ou semi-nudez, da mídia não é sincera? Quantas não são as modelos e atrizes que, mesmo nuas, ou semi-nuas, estão a vestir na pele inteira o photoshop?
Devia haver uma lei proibindo o photoshop, talvez, para redimir a autoestima dos homens e mulheres que não andam nas capas das revistas.
Quantos meninos e meninas andam fazendo bobagens, ou operações, para se colocarem no formato adequado, como se a raça humana fosse assim: peças de encaixar, como ovos padronizados que precisam ficar no tamanho exato da caixa de isopor?
Num mundo tão complicado, onde a tirania da beleza esquálida e dos padrões não humanos que alguns estilistas engendraram faz tanto mal, é uma alegria ver que nem tudo está perdido.
Falo do Fashion Weekend Plus Size, onde desfilarão moças lindas, livres – elas e nós – da ditadura da anorexia.

Abaixo todas as ditaduras que pretendem impor um padrão de beleza: são bonitas as altas e as baixinhas, são bonitas as claras, as negras, são bonitos todos os tipos de cabelo, todas as formas de mulher. Quem escolhe que só é bonita uma mulher alta, macérrima não entende nada de diversidade e, aposto, muito menos ainda de mulher.

Entre as maldades feitas com quem foge ao padrão de beleza propugnado há a falta de cuidado com o desenho das roupas.
O problema é que aqueles que desenham as peças para pessoas plus size não parecem tão esmerados, e seguem linhas como se todas tivessem que se vestir quase com uniformes.
Além de ser um mercado numeroso e em crescimento – razões comerciais e capitalistas suficientes para levar essas pessoas a sério – creio que aprender a desenhar com estilo e graça para todas é algo que refere-se à civilidade e ao respeito à dignidade da pessoa humana.
Erra quem pensa que “direitos humanos”, “democracia”, “respeito” etc são termos meramente jurídicos e que só interessam em alguns cenários ou espaços sociais.
Respeitar a diversidade e ver a beleza que há em cada uma das formas e cores de cada ser humano é um valor que se tem ou não dentro da gente.
Se ele existir, vai valer em tudo, desde fazer roupas até aprovar um candidato numa seleção de emprego; se não existir, vamos continuar a discriminar pessoas tanto nas passarelas quanto nas ruas, empregos e empresas.
Por tudo, então, o Fashion Weekend Plus Size é o mais bonito dos desfiles.

Bonito porque mostra gente bonita, e as magras também o são, e bonito porque mostra para todo mundo que a beleza não tem regra, peso ou altura. Assim como o feio também não.

Texto de William Douglas http://blogwilliamdouglas.blogspot.com/

2 Comentários // Deixe o seu!

  • Dead Lindsae says:

    >O problema com as confecções de tamanhos especiais, é que elas ainda não perceberam que nem toda gordinha gosta de preto, e que apesar de gordinhas, todas tem formato de corpo diferentes…nem todas tem seios grandes ou quadril grande. Minha irmã é totalmente diferente de mim, somos invertidas, por isso, mesmo usando o mesmo manequim, minhas roupas não ficam bem nela e nem as dela em mim.

  • Marcela says:

    >Olá Bella, eu acho q bobo é quem acha q esses modelos "photoshopados" são reais e bobos desses tb, q querem mostrar o q eles não são. Acho mto legal esse novo movimento plus size, tem me feito me aceitar melhor. O mais impressionamente é q em casa mesmo eu vejo preconceito sobre isso, minha irmã acha q eu DEVO emagrecer, mas eu nem quis saber o motivo, afinal a gente já sabe né. beijos

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