fbpx
24.03.10

POSTAGEM #200 : MULHER GORDA SÓ PODE USAR ROUPA PRETA?

Eu estava esperando a dona do blog, mas “num guento” hahaha…
Recebi esse texto e só o título já é fantástico…
Espero que vocês gostem!


Por Tate em Cotidiana

Gordofobia é um tema prometido faz tempo nessa coluna aqui. o que é? aversão, ódio, fobia e/ou tratamentos depreciativos às pessoas gordas e/ou gordura. almoço muitas vezes no restaurante da unb, no refeitório vegetariano. algumas pessoas que comem lá não são vegetarianas, escolhem o refeitório porque acham que a comida é “mais saudável” ou porque tem menos fila. no ano passado eu tava lá almoçando e, perto de mim, tinha uma mesa com umas 4 pessoas, 1 mulher e uns 3 homens, todxs brancxs. a mulher namora um dos homens. e ele faz um comentário assim: “ia ser bom se comida não fosse gostosa, porque aí não existiriam pessoas gordas no mundo. elas não iam ter mais motivo pra comer tanto e engordar. pensa só, galera, que lindo um mundo sem gente gorda”. as outras pessoas riem. gargalham.
Eu estava bem sentadinha lá, comendo a comida gostosa e barata que acho pouco saudável (por ter agrotóxicos), com meus muitos quilos “a mais”, almoçando no vegetariano porque sou vegetariana, há 10 anos agora, por motivações que começaram com respeito à vida das pessoas não-humanas. só bem recentemente é que comecei a ter mais cuidado com a saúde no plano da alimentação. já fui a rainha da fritura, e ainda gosto muito de açúcar. aliás, só parei de comer fritura quando cansei de lavar as panelas das coxinhas (de lentilha!), das mandiocas fritas, dos quibes de ervilha… muitas pessoas, até hoje, se espantam quando sabem que sou vegetariana. não conseguem entender como uma mulher gorda pode ser vegetariana. associam, ainda, uma dieta vegetariana a uma que chamam de natureba, e os estereótipos atacam novamente!
A magreza tem sido incentivada em nossa sociedade, esse pedaço de mundo pós-colonial, tecnocrata, de capitalismo patriarcal e racista, a partir de motivações que criam e consolidam o mito de que magreza é saúde, e conectam “saúde” a “funcionalidade” dos corpos. recentemente vi num jornal de tv a notícia de que uma mulher que concorria a uma vaga de emprego foi dispensada por ser obesa. é importante lembrarmos que também é um traço construído, nessa sociedade (e constitutivo da mesma), colar “saúde” com “funcionalidade”; e ambas serem a medida de quem vai servir pra ocupar postos no mercado de trabalho, por exemplo. os exames de saúde admissionais ilustram isso, podendo advertir ao patrão sobre a capacidade de eficiência da pessoa a ser contratada a partir da possibilidade de exploração de sua mão-de-obra, pra que ele não só deixe de arcar com custos de lesões e traumas causados pelo esforço, mas que possa eliminar pessoas mais propensas a “menos eficiência e funcionalidade”.
Mesmo corpos gordos sendo “funcionais” pra esse uso exploratório e pra outros usos (próprios), ainda assim há todo um aparato midiático, a serviço de outras indústrias, que vai criar uma expectativa de magreza social. que indústrias outras? especialmente a farmacêutica e a de cosméticos. porque outra associação feita à magreza tem sido a da beleza; beleza sendo equiparada a magreza e vice-versa, justificando o afã das dietas mágicas de “perca 4 quilos em 7 dias”, o alto faturamento das indústrias da cirurgia plástica e das academias, a adoração dos corpos anorexos das passarelas, o boom das cirurgias de redução de estômago… um conjunto de processos de intervenção que tratam gordura como doença, padronizam o modelo estético pros corpos, e criam uma fobia à obesidade.
Obesidade é grave sim, eu também sei. Pode ter implicações no funcionamento interno dos órgãos, além de graves conseqüências psicológicas pras pessoas obesas. mas acho leviano que o que é um sintoma de outros distúrbios (de ordem psíquica, hormonal, afetiva ou mesmo social – “cultura do fast food” nos diz algo sobre isso) seja tratado como a doença em si. Há vários casos de que pessoas que fazem redução de estômago engordam de novo. Ou seja, onde tá o problema? Ou será que vivermos numa sociedade extremamente consumista, de acúmulo, não tem nenhuma relação com a forma como lidamos com a comida? Com as compulsões e distúrbios alimentares?
Anorexia e bulimia são, infelizmente, rotineiras nas vidas de muitas mulheres. uma filósofa feminista, alice gabriel, escreveu uma vez, lá no começo dos anos 2000, um artigo muito interessante sobre a relação entre o imperativo da magreza anoréxica e uma forma de “masculinizar” o corpo. masculinizar no sentido de afastar dele as características atribuídas à feminilidade: curvas, peitos, gordura acumulada nos quadris e nádegas… Anos mais tarde, lendo germaine greer, outra feminista, tive contato de novo com essa assunção, de que o padrão de beleza vigente nesse nosso pedaço de mundo tem tudo a ver com uma ótica de masculinização do mundo. Não significa que elas acham que todas as mulheres tenham que ser gordas pra serem mesmo mulheres, até porque o feminismo já ensinou pra gente que não existe um “ser mulher” único, mas sim várias formas de construção de femininos e masculinos que dependem muito dos interesses envolvidos, dos contextos, dos modos de produção, das economias (como sistemas de relação)…
Mas elas, e outras feministas, estão alertando pras conexões entre expectativas sociais quanto aos corpos e os sistemas políticos a que elas servem, ideologicamente. o impacto disso é sentido na vida de cada uma, tanto naquela que enche o prato de folha pra poder comer uma sobremesa, quanto aquela que vomita o que comeu, e aquela que se olha no espelho se achando sempre gorda ou magra demais, e também daquelas que fiscalizam o peso da outra. Tem também a ver com aqueles que contam “piadas de gordinho”, que ofendem, humilham, xingam, ignoram, destratam e oprimem pessoas que têm corpos considerados fora da norma, com as milhares de revistas de dietas nas bancas (ao lado das milhares de revistas de receitas)…
a gordura e a obesidade são problemas sociais na medida em que impedem ou constrangem a existência de um enorme grupo de pessoas, quando tornam um pesadelo sair de casa quando não se tem uma roupa preta que “te deixa parecer mais magra”, ou no inferno particular que é comprar uma roupa numa loja de departamentos. são problemas sociais quando a sociedade não dá conta de lidar com uma diversidade que é real, em contraste à virtualidade das mulheres e homens de papel, nas capas das revistas, novelas, filmes… os corpos que existem são os corpos que estão aí, nossos corpos e os que circulam perto da gente, ou longe e escondidos porque nosso olhar é julgador, preconceituoso, nossas palavras são afiadas como navalha: “ah, ela tem o rosto tão bonito… podia emagrecer né?”; “nossa, que vara-pau”.
Tem gente que não consegue querer levantar da cama porque é gorda, e acorda desejando estar saindo de um pesadelo, o pesadelo que seu corpo virou: uma prisão ditada pelos costumes cruéis, hegemônicos e normalizadores de uma sociedade bem doentia e gordofóbica. eu sei que tem porque passei muitos anos acordando assim. E agora, quando acordo e me olho no espelho me sabendo e sentindo linda, maravilhosa e gostosa, com todas as dobras e gorduras e marcas, escrevo essas palavras esperando que elas possam, de alguma forma, deixar as manhãs de outras mulheres gordas mais felizes. Agora me visto muito mais de vermelho, e branco, muito branco. Pra todo mundo me ver chegando, em todo meu tamanho.
Pra todas as minhas amigas que engordaram mais que gostavam, e isso começa a incomodar (hipertensão e pré-diabetes; ou às vezes atrapalhando na performance sexual). Pras que tão fazendo dieta não porque querem ser capa da vogue, mas pra voltar a caber nas roupas favoritas, parar de sentir dor no joelho, subir escada sem ficar tão cansada, ter muito gás pra dançar… e que começaram a comer de outra forma, com mais tranqüilidade e entendendo os alimentos como pontes pra saúde integral.
Eu li isso aqui.
23.03.10

Pessoas acima do peso são vítimas de inúmeros preconceitos – podendo até ser discriminados no local de trabalho e considerados menos capazes para cumprir tarefas do que outros. E, quantas vezes aquele seu amigo politicamente correto, que não suporta racismo, não hesitou em fazer comentários sobre o gordinho que passou por perto?


Médicos também acham que perder peso é uma responsabilidade pessoal do paciente, mesmo com pesquisas que indicam que a maior parte das pessoas com sobrepeso não consegue perder uma quantidade significativa de massa a longo prazo, mesmo fazendo dietas.

O que acontece é um fenômeno estranho – por se sentirem estigmatizadas, pessoas obesas estão evitando ir ao médico para não se sentirem mal. Isso é extremamente prejudicial já que quem está acima do peso deve se preocupar ainda mais com sua saúde e fazer check-ups regularmente.

E segundo um professor da Universidade de Columbia, chamado Peter Muenning, o preconceito pode fazer mais mal do que afastar os gordinhos do médico: ele realmente pode deixá-los doentes. O preconceito é altamente estressante e estresse aumenta a pressão sanguínea – em obesos esse problema é ainda mais grave, já que eles estão mais propensos a terem hipertensão.

Diabetes é outra doença que também pode ser causada pelo estresse crônico. Em pesquisas, Muenning descobriu que mulheres que se sentem mais cheinhas sofrem de mais doenças físicas e psicológicas do que mulheres satisfeitas com seu peso (não importando quanto realmente elas pesavam).

Outra pesquisa mostrou que quanto maior o peso do paciente, menos respeito o médico mostra por ele, fazendo com que a pessoa passe menos tempo em companhia do médico – o que, além de comprometer a relação entre os dois, compromete a quantidade de informação que o paciente recebe sobre seu estado.

Fonte New York Times

Mesmo com todo o Preconceito que os “Homens de Branco” exercem sobre a gente, não deixem de visitar sempre um médico e cuidar da sua saúde, não se permitam adoecer por conta do Preconceito.


Vocês já passaram por alguma situação embaraçosa relacionado ao peso em visitas médicas?
Conte para a gente vamos unir nossas experiências.
22.03.10

Encantadoras Mulheres Imperfeitas.

Tem mulheres que levantam em cima da hora pela manhã, arrumam tudo antes de sair pra trabalhar, escolhem a primeira roupa combinante que olham no armário, passam uma escova ou prendem o cabelo para ser mais rápido. Será que são felizes!?

Nós não ficamos procurando gordurinhas e celulite no espelho, não perdemos o tempo se vestindo como modelos nem deixando a casa impecavelmente organizada antes de sair.

Nós mulheres imperfeitas aproveitamos até o ultimo minuto na cama agarradas aos homens.

Não nos importamos de ficarmos descabelas nem enquanto estivermos transando. E daí se temos celulites ou gordurinhas? O Senso de humor é o que importa.

Nós mulheres de verdade podemos ter uns quilinhos a mais, porque somos uma ótima companheira de papo e boteco. Podemos até ser meio reclamona quando nosso parceiro larga a toalha molhada em cima da cama, mas somos Mulheres Imperfeitas que gostam de sexo.

Porque celulites, gordurinhas e desorganização têm solução.

Agora ser mulher de verdade, confiar no seu taco, ter tesão e ser parceira desse homem, só consegue sendo essa Mulher Imperfeita. Assim como Nós !!!


Texto adaptado por nossa leitora Chris Lima

20.03.10

Descontos para quem é Magro

Uma empresa dos EUA, que trabalha com alimentos lançou uma campanha interna, divulgando que seus funcionários mais magros ganharão um desconto maior na compra dos produtos da empresa. E tudo indica que a iniciativa deverá se estender ao consumidor final, muito em breve.

A medida da magreza ou obesidade dos funcionários é feita pelo IMC de cada um e uma tabela com descontos maiores ou menores em relação a ele foi elaborada para facilitar o trabalho da cobrança. Vai ter gente fazendo dieta para pagar menos nas compras!

O problema é que a situação segue sendo absurdamente embaraçosa para os gordinhos…

Mais uma super idéia para combater a Obesidade, será que é assim que irão conseguir emagrecer as pessoas?
20.03.10

Gorda E linda

Quase toda comunidade de mulheres gordas pede desculpas por sua existência: Sou gorda, MAS sou linda, sou gordinha, MAS sou gatinha. As gordas se sentem a obrigação de compensarem o formato de seus corpos.

Gordas, portanto, tem de se esforçar por serem super femininas: Uma mulher gorda tem “pontos negativos” inatos, se não se depilar é achincalhada “Já é gorda e ainda é relaxada”.
Absurdo que as mulheres negras passam por pressões neste sentido “É negra, mas tem que arrumar* o cabelo!”. Não admitem que uma mulher se sinta absurdamente linda ao sentir nas mãos os cabelos macios e crespos (quem diz que cabelo crespo é duro nunca fez carinho em um).

Não odeie seu corpo

Gordas precisam ser sempre sorridentes (há quem acredite que “felicidade” é característica de gente gorda) e receptivas. Cansei de escutar pérolas vindas de homens:
– O bom de mulher gorda é que ela topa tudo.
– É mais fácil

Assim como a mulher negra, a mulher gorda provavelmente passou por muitos xingamentos e as mais diversas “medidas corretivas” de familiares e amig@s: Sugestões de cremes de alisamento, dietas, cintas redutoras, apliques… O que muitos homens fazem, é aproveitar essa vulnerabilidade e tornam-se parasitas provavelmente apoiando-se na crença que a parceira julga-se incapaz de encontrar alguém tão “piedoso”.

Há na internet diversas páginas eróticas dedicadas à pornografia com mulheres gordas, não reconheço isto como vitória. Colocam-nas na esfera privada de brinquedo sexual, seus admiradores escondem-se em perfis falsos, partem com as esperanças de quem anseia por carinho mútuo, elas sentem a demarcação da vergonha através de um intercurso escondido.

Se uma linda mulher gorda perguntar se o está, que responderá? Que é gorda E linda? Mulheres gordas devem apropriar o termo e torná-lo símbolo de força.

As mulheres negras eram chamadas de pretas, o que fizeram? Tornam símbolo de força de luta. A luta da mulher preta, cabelos lindos, nariz perfeito, sua cor incrível.

Gordas, devemos esforçar um novo olhar sobre nossos corpos, nossas dobras, nosso tamanho. Ser gorda é ser grande, ser grande só é bom pra homens? Por que “diminuir” nosso manequim? Por que ter orgulho de encher nossas mãos em nossos peitos e não em nossas barrigas?


Meu corpo, minha escolha

A mulher invisível (na sociedade) é negra, pobre, gorda, cadeirante e lésbica.


*Arrumar = Consertar algo “errado”, nesse caso, acham que o “correto” é queimar a testa alisando os cabelos.



Por Deborah