“Segundo pesquisa do IPEA 65% de um total de 3.810 pessoas ouvidas disseram concordar que mulher que mostra o corpo merece ser atacada”.
Você já leu muito sobre isso, certo?
A minha primeira reação foi não acreditar que estava lendo esse absurdo, depois foi tentar entender o que essa pesquisa quis mostrar e daí percebi uma coisa mais simples de ser compreendida:
Mas que pesquisa é essa? Assim, à toa? Saímos à rua perguntando a pessoas aleatórias o que acham sobre o estupro?
Isso não deveria nem ser cogitado como pauta para pesquisa. Qual será a próxima? Você acha que as pessoas devem ser assassinadas? Negra que não alisa o cabelo deve ser alvo de racismo? Gordo que não emagrece deve ser hostilizado?
Pelo amor de Deus.
O estupro é crime e qualquer forma de violação dos direitos também é, isso inclui aquele beijo roubado na balada ou aquela passadinha de mão que rola em coletivos lotados. Pesquisar o que as pessoas acham sobre o crime deve ser considerado crime também, pois no mínimo caracteriza uma incitação ao mesmo. Um cara doente que sempre pensou em fazer isso, mas nunca teve coragem, no mínino se sentirá defendido pela pesquisa, já que isso não é uma doença dele e sim culpa da mulher que sai com pouca roupa de casa.
Essa pesquisa infeliz não me representa e garanto que nem a você. Outro ponto importante que devemos lembra que esse percentual não representa o Brasil, já que a pesquisa foi feita com 3 mil pessoas em média. E quem são essas pessoas? Isso é mesmo confiável? Eu, particularmente, nunca fui entrevistada por nenhum instituto de pesquisa, você já?
Meninas levantem a cabeça, não vamos deixar que esse tipo de informação altere nossas vidas negativamente e nem que nos diminua.
Somos mais fortes que uma pesquisa!
Camila Duarte