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25.06.12

Não me vejo, não Compro!

Estou a pouco tempo envolvida em questões Plus Size, tenho um pequeno grupo no Facebook e sempre que posso posto novidades na moda, e curiosidades no mundo Fat. Porém eu como mulher preta, assumidamente preta e assumidamente gorda, em cada pesquisa que faço, fico com uma pulguinha atrás da minha orelha.

Todo mundo sabe que no mundo capitalista e comercial, a gente consome aquilo que a gente se vê e os vendedores, sabedores dessa prática, investem em diversos seguimentos, comportamentais, sentimentais, étnicos… E assim a gente acaba se encontrando em alguma coisa e finalmente, consumindo.

O mundo Plus Size (como virou modismo falarmos ultimamente), deu uma guinada de uns pra cá… A gente tem encontrado diversidades de roupas e tals… Só se veste mal quem realmente quer . Mas sinceramente, eu aqui hoje quero fazer valer valer um protesto. Não me vejo.

Alô representantes Plus Sizes! Cadê as pretas gordas??

Alô lojistas, produtores de eventos Plus Size!! Cadê as pretas gordas??

Alô pretas gordas!! Até quando vão continuar aceitando não vêem nas propagandas, nos desfiles, nos catálogos??

Nanda Souz, ficou divina em editorial para a revista Beleza em Curvas em 2.010.   Infelizmente nenhuma marca brasileira plus size, usa asmodelos negras em seus catálogos.  Com tantos negros em nosso país como podem até hoje ignorar a vontade das consumidoras em se ver representada?

O fim picada pra mim, foi eu como fã de Rap Nacional (deixando bem claro que o Rap é música negra), me deparei com esse vídeo, veja aqui e fiquei estupefata!

O vídeo em si, é bem produzido e tals… As meninas muito bonitas, tudo muito bem feito, tudo de muito bom gosto, sem vulgaridade…

Mas uma pergunta permeia minha mente: Por quê não há uma representatividade negra nos desfiles, catálogos e afins?

Sem querer “causar” tá? Mas acho que eu como mulher preta e gorda, preciso urgentemente ME VER… Quero me ver nas propagandas, quero me ver nos desfiles… Quero algo voltado pra mim.

A gente sabe que o mundo da moda, por exemplo, é cruel… E que mesmo pros magros existe uma certa dificuldade… Mas mesmo que seja pra cumprimento da Lei, os pretos vez ou outra estão lá. Agora, pq isso acontece? Não há procura? Não há oferta? Cadê as pretas gordas?

Clipe bem feito, sem pornografia e tals… Mas em se tratando de música negra, eu não me vi ali representada.

Será que além da Gordofobia que temos que lidar e combater todo santo dia, teremos também que combater Racismo no meio Fat?

Complicado, hein.

Pérola Negra do grupo Fat Brasil 

 

Obs: Assunto polêmico o deste texto da Pérola, mais uma vez eu concordo com tudo que foi colocado acima.

Eu apoio totalmente a luta por um espaço maior para as negras dentro do mercado plus size brasileiro.

E vocês o que pensam sobre isso? 

16 Comentários // Deixe o seu!

  • eu já tinha percebido isso a muito tempo,é engraçado porque no pais onde a maior parte da população é negra,perde apenas para a Nigéria,eu não vejo modelos plus sizes negras nem mesmo nos eventos que vou desfiles e afins é difícil ver a minha raça em evidencia,cabe a nos que somos da raça negra cobrar mais para que daqui a algum tempo não ser necessário combatermos além do preconceito quanto ao peso o preconceito quanto a a raça das modelos,que na minha opinião esta ai só não vê quem não quer.Parabéns pelo post a matéria é sensacional…xeru da Rose.

    http://blogtopodendo.blogspot.com.br/

  • christiane de castro says:

    Palmas para Pérola. Também me questiono: Onde estão as pretas gordas? Aliás, o mundo plus size está emagrecendo, pois até nos catálogos, o plus é bem menor do que a maioria das gordinhas que se sentiram adotadas por todo este boom de aceitação do corpo. A maioria das gordas que se assumiram não estão representadas nos catálogos de moda. Isto sem falar das negras…Negros e negras quando aparecem na mídia, são do tipo “quase brancos”, com cabelos domados e feições refinadas…acho que eles pensam que se colocarem alguém com boca e nariz bem grossos vão chocar, só pode ser isso. Então, tb acho que não estou sendo bem representada nem no mundo fat, nem em lugar nenhum. Preciso ver mais gente negra por aí, nas novelas, sem ocupar o posto de empregada, lógico. Nada contra as empregadas, mas atualmente, negro estuda, se forma e é até juiz. do Supremo… Será que a sociedade não está preparada para assistir à ascensão social do negro? Sou negra, filha de negros, casada com negro. Eu e meus irmãos somos formados por uma universidade federal. Minha filha estuda em colégio particular. Estamos aí, estamos crescendo e aparecendo, e tem segmento que ainda não viu isso, ou não quis ver.
    Acho digna a política de cotas porque divide o bolo. Tenta fazer ficar mais igual o acesso às oportunidades monopolizadas pelos brancos. Nada contra os brancos, mas apoio integralmente uma sociedade mais justa e igual. E só tratando os desiguais desigualmente é que a gente vai chegar lá.

  • Realmente há menos negras ou pardas na moda plus. Acho tão lindo quando tem, até mesmo no meio das magras, aquela modelo negra com um lindo cabelo afro e bem cuidado. A negritude é a cara do Brasil!
    Não tinha visto o clipe ainda, e realmente, deveria ter uma negra bem lindona no clipe.
    Tanta coisa precisa mudar nesse mundo em relação aos negros, pq infelizmente, ainda não somos representados como temos direito, não só no mundo plus size.
    Post de grande peso, como a maioria. Parabéns!

    Bjks “)

  • Olha o universo plus em São Paulo, que eu tive o azar de conhecer é bem mais complexo do que parece.São cinco meninas, que se chamam entre elas, ou seja, não tem trabalho para nenhuma que não seja uma das cinco .Não é um universo profissional, pelo contrário, tem muita gente tentando entrar e sendo explorada por fotografos e agencias .Se voce olhar atentamente aos desfiles vai ver uma sequencia de erros, que vao desde iluminação até a escolha das modelos.
    Que industria pode crescer na base das amizades e da falta de profissionalismo ? E ainda por cima as marcas que trabalham o plus size são caras, ainda trabalham nas beiradas.Acho fundamental levantar a questão do racismo, mas não considere nada pessoal ainda nesta industria, porque ela está sendo construida por pessoas que nao tem a menor noção do que estão fazendo e não sao profissionais .Com o tempo e a evolução, as coisas devem mudar, mas a industria plus ainda nao representa a maioria, mas isso deve mudar sim e a questão das modelos negras deve ser colocada na mesa, já que é ofensivo para um país ter outra industria racista, é absurdo e sendo uma industria plus, que deve lutar pela inclusao dos gordinhos, deve dar exemplo de cidadania e respeito.

    • Iara, aonde eu assino?

      O pessoal que comenta aqui, me economiza um bocado de tempo. Pensam igualzinho a mim. É só assinar..

      Vc so esqueceu de dizer que alem de so ter espaço pra essa meia duzia, elas derrubam quem quer entrar também..

      • É verdade, também foi derrubada por elas !

        • Fui derrubada, quer dizer, rsrs.Mas hoje agradeço, o trabalho que algumas fazem nao é bom, não tem qualidade . Tem uma semana de moda aqui em Sao Paulo onde se fazem desfiles, que parecem de escola de primário, impressionante, cobram ingresso , cobram das lojas, pagam 100 reais por modelo e ainda assim não investem em um centavo em luzes nem conceito, é de uma tristeza que se eu não tivesse visto duas vezes não teria acreditado .Inclusive pela pretensão, existe uma tecnica de iluminação, usada por todos os estilistas no planeta, que deixa a modelo mais alta e com o corpo alongado, todo mundo usa,mas aqui o que foi feito ? Ligaram a luz do salão ! Assim, só isso, logico que acabou com todas as modelos nas fotos, não faz diferença ser magra ou plus se a iluminação não está correta nem a altura da passarela , por isso as fotos desse evento são sempre um desastre, que só prejudica as meninas que desfilam.

  • Nanda Souz says:

    É um absurdo ainda existir esse tipo de desigualdade. Li no site Portal da Moda que A Luminosidade, empresa responsável pela coordenação do SPFW, assinou no dia 20 de maio, um acordo com o Ministério Público de São Paulo, que coloca em pauta a questão dos negros nos desfiles. O acordo determina que a organização do evento irá sugerir a todas as marcas a contratação de pelo menos 10% de modelos negras, afrodecendentes ou indígenas do total do casting do desfile.

    Esse acordo é um Termo de Ajustamento de Conduta que valerá pelos próximos dois anos e não interfere nas escolhas das marcas e designer, mas provavelmente as cotas sejam implementadas no futuro.

    Depois da publicação de matérias em veículo de comunicação, informando que as marcas brasileiras não contratavam modelos com tais etnias, o Ministério Público abriu investigação e, depois de um ano, concluiu que não há prática de discriminação racial.

    De acordo com o comunicado, o SPFW se compromete a encaminhar, em um prazo de 30 dias após cada edição, a comprovação de que a cláusula foi cumprida e a relação de todos os modelos que desfilara, por grife e apresentação, apontando os que se encaixam nesse critério. Caso não haja a possibilidade de cumprir o TAC, o fato deverá ser comunicado ao Ministério Público, que analisará a justificativa. O termo prevê uma multa de R$ 250 mil em caso de descumprimento de qualquer cláusula pelo SPFW.

  • Nanda Souz says:

    Será que isso será necessário no meio Plus?

  • Apoiadíssimo.
    Eu inclusive,como negra e gorda já enviei emails a diversas lojas do segmento plus size da minha cidade e de fora dela fazendo esse mesmo questionamento ‘porque vocês não tem modelos negras para representá-los’, e como resposta recebi o silêncio,simples assim…nenhuma das lojas que questionei me responderam :/
    Triste e vergonhosa realidade num país tão miscigenado como o nosso!!!
    Sou NEGRA, sou GORDA e ESTOU AQUI!!!!!!!

  • Elisete Franco do Patrocínio says:

    Eu também me fiz essa pergunta quando fui a um desfile Plus Size e encontrei somente uma modelo negra.
    E também me perguntei ao ver o clip (Sou negra, odeio Rap e só assisti porque sou fã de uma modelo).
    Também me perguntei por que são sempre as mesmas modelos nos desfiles Plus Size se existem inúmeros concursos . E por que nestes concursos nunca vejo finalistas da raça negra…
    Também fico pensando… Quando eu era mais nova, os tamanhos iam do 36 ao 48. Depois disso era tamanho especial. Ai os tempos mudaram e felizmente hoje temos o Plus Size.
    Volto a me perguntar: por que insistem em dizer que tamanho 46 é Plus Size? Por que determinada marca especializada em moda Plus Size tem como modelo (loira) alguém que não nos representa? E pior, por que a gente ainda compra lá (e me incluo nisso!)?
    Saindo da fase dos 7 anos (porquês), eu acho que a gente tem que mudar isso. Participar, sugerir, exigir representatividade. Seja na participação de outras etnias ou de modelos/atrizes plus na tv, propagandas, desfiles, catálogos,etc.
    Temos algumas pessoas que assinam este Blog que são Plus e pessoas públicas. Acho que podemos e devemos contar com a ajuda delas para reforçar este nosso desejo (se é que é que é NOSSO).
    Apoio todos os depoimentos acima e plagiando a Cynthia de Souza:
    “Sou NEGRA, sou GORDA e ESTOU AQUI!!!!!!!”

  • christiane de castro says:

    Acho que dá um belo movimento! também quero dizer:

    “Sou NEGRA, sou GORDA e ESTOU AQUI!!!!!!!”

  • Alessandra (Pérola Negra) says:

    Tô muito feliz em saber que ainda existem pessoas conscientes e que esses questionamentos existam! É importante demais esse movimento, o negro tem se auto afirmado, se valorizado e não tem aceito “bala de troco”.

    Agora mais um questionamento transita em minha mente, a cerca do comentário da Nanda: Qual é de verdade o critério investigativo do MP a cerca de práticas racistas no Brasil? Pq sinceramente essa conclusão de que não há discriminação racial no meio fashion, é totalmente utópico, não? A nossa realidade é completamente diferente… Fico muito triste quando casos como esses ocorrem. Não deveria ser assim, deveríamos estar trabalhando com igualdade, mas nem que seja para cumprimento da Lei, as pretas tem de estar nas passarelas sim.

    Queria deixar aqui meus agradecimentos a quem apoiou o protesto e dizer: Meninas, protestem! Reclamem mesmo, se façam ouvir. Porque fazemos parte da história desse país, por muito tempo quiseram calar nossa voz e nos colocar debaixo da mesa… Existe uma Lei, e ela tem de ser cumprida.

    Kalli, meu muito obrigada de todo coração por conceder esse espaço, parabéns pela iniciativa de apoiar a causa e abordar como sempre assuntos importantes para nosso amadurecimento e conscientização!

    Grito também: “Sou NEGRA, sou GORDA e ESTOU AQUI!!!!!!!”
    Beijocas estaladas em todas!
    Paz..
    4P.

  • Marcia Barbosa says:

    Eu sou negra, gorda e consumidora voraz do mundo Plus. Eles ainda pensam que não temos como comprar, ou temos que nos vestir SOMENTE com abadás….acho que devemos uestionar mesmo e quando não atendidas começar a boicotar certas marcas e lojas. Outra questão é quanto ao tamanho Plus…..novamente constrangemos a população gorda, quando colocamos modelos com curvas e dizemos que são plus…..não me sinto epresentda em quase nada…..é muito complicado.

  • Excelente reclamação! Nunca tinha parado pra pensar nisso, pensar que a moda plus size acabou absorvendo esse racismo da moda tradicional!

  • Robson Preto says:

    Triste realidade. Se o preto soubesse a força que tem, esse processo atual estaria banido. Hj, com a diversidade de marcas e produtos, só compro aquele que me vejo representado. Se pelo menos uns 50, 60% dos negros tivessem esta atitude, faria o cenário dar uma balançada. Penso que, para as mulheres negras é difícil boicotar alguma marca de absorvente íntimo, pois neste produto, eu com meus 36 anos, nunca vi uma protagonista negra representá-lo nos comerciais da televisão. Mas enfim, só vão nos ouvir quando pusermos a boca no trombone. Para a maioria dos brancos, o debate sobre a questão racial no país é irrelevante (uns dizem que é besteira de alguns negros). Simples: eles só não sentem na pele o que o povo preto sofre ou já sofreu por conta de sua cor e aparência. No Brasil, o normal é o branco e o oposto dele é o exótico. É incutida essa ideia em nossa cabeça desde que nascemos. É só olhar em volta: durante os comerciais de televisão, repare o número de negros protagonistas em relação ao número de protagonistas. Parece que estamos em algum país europeu.

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