Para começar o ano e renovar as esperanças de uma moda realmente inclusiva eu resolvi fazer umas listinhas de mudanças que espero ver na moda e no mercado plus size em 2018.
Embora o título do post eu cite que são meus desejos, eu já ressalto que não é só sobre os meus desejos que falo, são também os desejos de um montão de gente que me procuram nas redes sociais e no e-mail com seus questionamentos e necessidades.
Roupas que realmente vistam corpos gordos
Já faz um tempo que eu venho falando sobre a necessidade das marcas vestirem além do manequim 54, inclusive já fiz uma listinha tempos atrás aqui no blog (clica aqui) com marcas que atendem acima do manequim 54. Mas hoje eu percebo que mesmo que uma marca atenda até o tamanho 60 ela ainda não é totalmente inclusiva e precisa ampliar sua grade para poder vestir cada vez mais pessoas gordas.
Eu entendo que para uma marca fazer X manequins é um preço e fazer 3 tamanhos a mais do atual que trabalham pode ser inviável para a realidade atual da empresa, mas eu peço (em nome de um monte de gordos maiores) que vocês empresários do setor pensem com carinho e que neste ano de 2018 ampliem ao menos um tamanho em suas grades, é algo possível e que além de render mais vendas vai dar mais opção de escolha para quem veste tamanhos maiores.
Discurso neutro sobre todos os corpos
Eu ando EXAUSTA de ver marcas (pessoas que as representam) que vendem para mulheres gordas agindo de forma depreciativa em relação a comidas e corpos.
Neste ano eu não quero ver marca dizendo que atende corpos com a verdadeira beleza (que vestem do manequim x ao y e excluindo vários outros corpos), também adoraria não ter que assistir marcas fazendo piadinhas com termos como gordice e relacionando comidas a corpos gordos, e muito menos gostaria ver declarações sobre estar feia ou inapropriada para aparecer no stories da empresa.
Ninguém e nenhuma marca é obrigada a levantar a bandeira da positividade corporal, mas também não deveria gravar stories de autodepreciação, essas “brincadeirinhas” muitas vezes detonam com a autoestima de quem assiste.
Representatividade nas fotos
Este ponto já foi pedido e implorado demais, mas infelizmente as marcas seguem negando associar sua imagem com pessoas gordas. Graças a toda essa falação que acontece faz uns anos, algumas marcas já acordaram para esse ponto e eu tenho como foco atual enaltecer essas cada vez mais essas que estão nos brindando com representatividade. Não queremos só pessoas com tamanho acima de X em todas as campanhas, mas queremos que as marcas diversifiquem e não fique apenas em um padrão de modelo que não representa a grande maioria de suas clientes.
Produção sem exploração
Sei de uma marca plus size que importa da China já faz uns anos, recentemente soube de uma que tem “bolivianos” trabalhando na sua produção… Em nenhum dos casos eu afirmaria que se trata de casos de exploração, mas também não acredito serem empresas totalmente engajadas nos direitos trabalhistas. Estes são dois casos isolados, mas eu acredito que exista muita gente recebendo bem pouco (abaixo do justo), para costurar as roupas que depois serão vendidas por preços bem altos, sabemos que o mercado plus size em geral trabalha com preços altos. Então eu desejo mais consciência das empresas e que valorizem mais todos os seus colaboradores.
Preços mais populares
Eu entendo perfeitamente que cada marca tenha seu nicho, e algumas marcas são mesmo mais caras e vão continuar sendo, mas adoraria ver mais marcas trabalhando com preços populares no mercado plus size. Isso é muito importante para que ocorra a inclusão das pessoas gordas de todas as classes sociais na moda.
Originalidade, criatividade e verdade
Para quem produz é importante ser original e colocar nas suas peças algo que seja a cara da sua marca, o ctrl+c e ctrl+v de outra marca acaba por tornar a sua marca algo menos atrativo para o consumidor. Se inspirar e criar uma nova versão é sempre muito mais legal.
Além da falta de originalidade, é muito comum no mercado plus size marcas dizendo que produzem suas coleções sendo que na verdade é revenda e tem várias marcas com os mesmos produtos. Não tem problema nenhum em revender peças e não entendo essa necessidade de se intitular fabricante sem ser que acontece no plus size.
O mercado plus size ainda é muito pequeno e é fácil para qualquer pessoa perceber essas “falhas”, e isso compromete as empresas e o todo mercado, que se torna algo muito menos profissional.
Moda para os Gordos
A moda masculina plus size é algo muito precário ainda, um número bem baixo de marcas e uma grade que não atende aos gordos maiores. Precisamos de mais marcas investindo no plus size masculino e também que ela pensem em vestir bem além do GG, os homens gordos também merecem melhores opções na hora de comprar.
Pós venda de compras virtuais
Quem se dispõe a vender tem que se preocupar com o pós venda, eu vejo TANTA reclamação que seria resolvida com um simples envio de rastreio por e-mail que chega a ser deprimente. Não ignorem nunca seus clientes, um cliente insatisfeito é a pior propaganda, mas um cliente gordo insatisfeito é uma pessoa que possivelmente vai parar de comprar online e é online que nós gordos temos as melhores opções.
Ousadia e rebeldia
Talvez ao começar ler o post vocês possam ter pensado que nele eu pediria algumas peças x ou y e não foi bem assim, o que eu mais quero é ver o mercado crescendo e atendendo cada vez mais pessoas gordas. Mas eu quero também que os estilistas parem de temer tanto e abusem mais na hora de criar para gordos, nas atuais coleções de verão eu fiquei super assustada com a quantidade de peças de manga longa em várias marcas.
Estou daqui torcendo para que as pessoas que tem o poder de decisão de escolha das peças da coleção (nem sempre é o estilista), possam ousar mais e até mesmo serem rebeldes e entender que nós pessoas gordas já não nos prendemos mais em regras do que pode ou não, na verdade sonhamos mesmo em ter as mesmas peças da moda “padrão” disponíveis na moda plus size.
Fiz esse textão com pontos que eu julgo importante serem melhorados nas marcas plus size, mas isso é a minha visão e não significa ser nenhuma verdade absoluta.
E vocês possuem algum ponto que gostariam de citar ou acrescentar? Sintam-se livres para comentar e juntos ajudarmos as marcas a perceberem o que desejamos.