Ser uma mulher gorda é conviver diariamente com vários NÃOS, é a roupa que não serve, a cadeira que não te cabe, o carinha que não te assume, o empregador que não te contrata e vários outros nãos.
Só que em algumas situações, um NÃO tem um peso muito maior que os outros e podem, não só minar a autoestima de uma mulher, como colocar a vida dela em risco.
Já contei aqui no blog o caso da Mana que teve o direito de fazer um preventivo negado por um ginecologista por conta de seu peso. (Leiam aqui.)
Mas a notícia do momento é sobre a Rachel Patrício (Gorda, Linda, Militante contra a Gordofobia e também Nutricionista), ela agendou sua cesariana para ontem e ao chegar no hospital, ela não pode realizar o procedimento, segundo foi passado para ela, o motivo de não atendimento era que a maca do centro cirúrgico só suporta até 130 kgs e que não tinha agulha ideal para anestesiar pacientes obesos.
Como ela é uma mina empoderada e ciente dos seus direitos, soube na hora que aquilo era um absurdo, mas teve que engolir mais esse NÃO da vida e aguardar para que se conseguissem um hospital com a estrutura necessária para ela. Hoje a situação foi resolvida e ela conseguiu ter seu bebê e ambos passam bem.
Alguns portais contaram sobre o ocorrido (G1, Catraca) e os comentários são cheios de preconceito e até ódio ao corpo gordo, como se ela tivesse passado a gravidez se entupindo de fastfood… E ela não passou, inclusive, fez várias postagens sobre a alimentação em seu instagram, mas mesmo que tivesse comido só fritas e coca cola, assim como qualquer pessoa, ela tem DIREITOS como cidadã, que deveriam ter dado amparo para ela no momento do parto e não ter causado um estresse em um momento tão importante. As pessoas precisam entender que não podem julgar a saúde de ninguém baseado em peso, mas nós gordos precisamos nos unir de verdade e lutarmos por nós em busca de maior acessibilidade, hoje isso aconteceu com ela, mas isso está acontecendo com gordas e gordos a todo momento. Vamos deixar apenas de querer nos sentirmos lindas sendo gordas, vamos também buscar por direitos que nos são negados diariamente.
Para a Rachel, eu desejo dias maravilhosos e de muito amor ao lado do mais novo integrante da família. Para todas as pessoas que já passaram por isso, eu desejo força para superar o ocorrido, mas para todos que ainda vão passar eu desejo que não se CALEM, busquem ajuda e vamos reclamar sim, é um direito nosso.
Vocês já passaram por algo assim? Eu confesso que vivo sentando em lugares que não foram projetados para o meu peso (não falo só de cadeiras de plástico) e sim, eu temo que eles acabem não suportando e aconteça algum acidente.