Vocês já conhecem o Gorda Esporte Clube? É um projeto maravilhoso, onde uma gorda mostra sua rotina de treinos e incentiva outras pessoas a se jogarem nos esportes por prazer.
Desde que conheci eu amei e venho acompanhando o projeto, quando decidi fazer um post eu pedi a idealizadora Fabrina que contasse para vocês um pouquinho do Gorda Esporte Clube e ela contou de forma linda e não tive audácia de cortar nada e nem acrescentar.
Comecei o Gorda Esporte Clube no momento em que decidi parar de odiar meu corpo. Quando olhei para tudo que deixei de fazer por ter aprendido que ser gorda era um impedimento, vi que a maioria das coisas era relacionada a esportes e movimento. Resolvi que daquele momento em diante, faria tudo o tinha vontade. Quero correr uma maratona entre 2018 e 2020, aprender a nadar em mar aberto, andar de long board, dançar, fazer pilates, ioga.
Pesquisei sobre mulheres que falavam sobre ser gorda e ser fitness, que contrariam esse conceito higienista que temos. Não encontrei nada no Brasil, só na gringa. Decidi contar minha experiência. Sou jornalista e estou na internet desde que tudo era mato, então foi meio que um processo natural.
Todo dia é um exercício novo. Quando se é uma mulher gorda aprendemos desde cedo que não devemos ocupar mais espaço do que já ocupamos. Essa foi e ainda é a minha maior dificuldade. Ainda falta representatividade. Raramente vemos fotos e vídeos do corpo gordo em movimento sem que seja pejorativo. O nosso olhar é treinado para nos criticar e esperar que o nosso corpo reaja da mesma forma que um corpo magro. Todo dia eu me educo e reeduco para ver a minha imagem em fotos e vídeos dos treinos e corridas e entender que está tudo bem. Aos poucos vou aprendendo e entendendo o processo. Tenho planos de gravar com uma professoras de algumas modalidades. Todas gordas.
Minha maior dificuldade, no entanto, não é o tamanho do meu corpo ou a reação das pessoas. Quando eu mudei e me aceitei, as coisas se tornaram mais simples. Entendi que o problemas não sou eu, são eles. E me sinto muito mais tranquila para dizer que as pessoas gordas estão fora do ambiente esportivo por hostilidade e não preguiça.
Em poucos meses, muita coisa mudou porque eu mudei. Vivia entrando e saindo de academias e práticas que eu amava por achar que como não emagrecia, estava falhando. Por exemplo, quando conheci meu treinador atual e minha equipe (MLF de Marília), eu consegui dizer a ele que queria correr uma maratona e não emagrecer. Esse é o foco dos meus treinos. Hoje, minha dificuldade é conciliar tudo o que quero fazer do GEC, os treinos e as corridas com a vida. É o problema mais banal que existe e também uma prova de que pessoas gordas são pessoas.
Há quem duvide e quem critique? Claro que há. Mas eu fiz uma escolha e estou extremamente feliz com ela. Se eu quis emagrecer? Sim. Fiz dietas, tomei remédios, jejum, fotos de antes e depois. Eu me maltratei muito para dar aos outros o que eles queriam. Hoje, eu me priorizo sempre. Por 37 anos esse foi meu maior sonho.
Minha narrativa ainda está no começo e ela inclui participar de uma maratona entre 2018 e 2020. Hoje, meu maior sonho não é ter um corpo menor. É ter um dia maior para que eu possa incluir outros esportes e atividades no meu dia-a-dia. Desejo mais tempo para ser quem eu sou.
Vocês também já estão na torcida por ela? Para mim foi imediato, é impossível não torcer por ela e por todos os gordos que queiram se dedicar aos esportes.
Acompanhem o Gorda Esporte Clube nos links abaixo: