Ontem vi no meu feed uma matéria (aqui) animadora que contava sobre o primeiro salão “plus size” do mundo, um salão com acessibilidade para o corpo gordo.
O ambiente tem toda a mobília projetada para receber com conforto e segurança os corpos gordos, seu quadro de funcionários é formado por pessoas gordas e que conhecem melhor que ninguém as necessidades e angústias dos clientes.
Em um primeiro momento, eu acredito que muita gente vai julgar esse salão como segregador, que precisamos incluir os gordos em todos os ambientes e não nos isolarmos. Acertei?
Eu preferia mesmo que todos os salões do mundo possuíssem equipamentos capazes de atender com dignidade todos os corpos, mas em um sistema capitalista como o nosso, a realidade é que nunca haverá investimento em itens mais caros para servir melhor uma “minoria”, então precisamos, assim como na moda plus size, contar com iniciativas como essa, que nos abraça completamente e valorizar os empreendedores que pensam na gente na hora de criar seus empreendimentos (ninguém faz sem pensar em lucros, mas que então, nosso dinheiro seja gasto com quem faz o melhor para a gente).
A notícia chata é que um salão, ou qualquer estabelecimento planejado para as nossas medidas, não é a nossa realidade e o que sobra mesmo é a gente se apertar para caber nos lugares e torcer para que o aperto não se torne, também, machucados no nosso corpo.
Percebo ainda, que mesmo nos dias atuais, é muito raro que a gente busque alternativas e quando solicitamos por elas, as pessoas se assustam com a necessidade de espaços maiores para gordos.
Recentemente, eu colei grau, a cerimônia foi em um Teatro antigo e eu sabia que para caber, só no aperto e não achava justo passar aquele momento especial sentada de forma desconfortável, pedi que providenciassem uma cadeira apropriada por telefone e ouvi o moço me explicar que se caso não fosse uma “obesidade exagerada”, eu poderia ir sem preocupação que me caberia, eu podia ter dado uma aula e explicado que não existe uma obesidade exagerada, mas senti que ele não falou essa merda por mal, falou por não estar preparado para o questionamento sobre as cadeiras para obesos. Fui super bem tratada na minha “necessidade” na hora do evento e sei que por eu ter pedido, pelo menos 3 pessoas envolvidas no cerimonial descobriram que bundas gordas não precisam se apertar em cadeiras que não as cabem, eu me senti aliviada por ter me sentado com conforto, mas não posso negar que ver a foto e só eu na cadeira diferente me deixou a certeza que o mundo não foi feito para gordos e que vamos ter trabalho para o adaptá-lo aos nossos corpos.
Eu convido vocês gordos como eu, que reclamem mais dos espaços que temos hoje, que deixem claro que aquilo não está atendendo conforme você precisa e não se machuque, emocionalmente e fisicamente, por não caber nos lugares, tenha consciência que é preciso lutarmos para que a sociedade nos caiba e nos inclua, não o oposto.